ANPD mantém bloqueio a pagamentos da World por escaneamento de íris no Brasil

O projeto World segue proibido de pagar usuários brasileiros pelo escaneamento da íris. A decisão, publicada nesta quarta-feira, 6, foi mantida pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que rejeitou o recurso da empresa e reafirmou a restrição em vigor desde fevereiro.

Empresa segue no país, mas sem pagamentos nem novos cadastros

Segundo a ANPD, a Tools for Humanity, responsável pelo projeto, não apresentou garantias de que os riscos foram reduzidos. A autoridade entende que o pagamento por dados biométricos pode ferir o princípio da liberdade de consentimento, previsto na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Ainda que a empresa alegue tratar-se de um incentivo voluntário, a prática foi considerada como uma interferência indevida na decisão do usuário. Por isso, o veto continua válido. A proibição se aplica apenas à remuneração. O cadastro, em tese, permanece permitido. No entanto, a própria empresa suspendeu temporariamente os escaneamentos.

Em nota, a World afirmou que discorda da interpretação da autoridade brasileira e pretende buscar alternativas legais. A empresa também alegou que programas de indicação são amplamente utilizados no país, inclusive por bancos e empresas públicas. Mesmo assim, informou que continuará oferecendo a tecnologia em locais selecionados e de forma limitada.

A operação oficial da World no Brasil começou em novembro de 2024. Nos dois primeiros meses, o interesse do público foi alto, impulsionado pela expectativa de recompensa. Filas se formaram em diversos pontos de atendimento. Mas já em janeiro, com o aumento das polêmicas e o fim dos pagamentos, o movimento caiu drasticamente.

Funcionários ouvidos pelo g1 relataram que muitas pessoas buscavam o benefício apenas por necessidade financeira de fim de ano. Com a suspensão, as lojas ficaram praticamente vazias. Hoje, parte das unidades segue aberta apenas para prestar informações ao público.

Por trás da iniciativa estão Sam Altman, CEO da OpenAI, e Alex Blania, líder da Tools for Humanity. O objetivo declarado do projeto é criar um sistema de identidade global por meio da biometria ocular. Para a ANPD, no entanto, ainda há dúvidas sobre a segurança dos dados e o verdadeiro impacto dessa tecnologia em contextos sociais sensíveis.