A floresta da Amazônia enfrenta uma temporada de incêndios sem precedentes, destruindo uma área equivalente à Suíça em meio à pior seca já registrada no Brasil. Dados de satélite indicam um aumento de 846% na área queimada em 2024 em comparação ao ano anterior, com danos acumulados que representam uma ameaça de longo prazo à resiliência do ecossistema.
Seca e fogo: uma combinação devastadora
A seca severa, intensificada pelas mudanças climáticas e pelo fenômeno El Niño, deixou a floresta especialmente vulnerável. Rios atingiram níveis historicamente baixos, e as temperaturas elevadas causaram a morte de peixes e golfinhos de rio. Normalmente, o ecossistema amazônico limita os incêndios ao solo, poupando as copas das árvores, mas a intensidade atual ameaça o colapso total em algumas regiões.
Especialistas apontam que essas condições extremas estão sendo exploradas por criminosos. Para agilizar a abertura de áreas, grileiros e pecuaristas ilegais estão abandonando métodos tradicionais e ateando fogo diretamente, utilizando apenas gasolina e isqueiros para desmatar. “A seca alimentou esses incêndios, mas o fogo também se tornou uma arma,” explicou Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Aumento da atividade criminosa na Amazônia e possíveis soluções
A região mais afetada, a Floresta Nacional do Jamanxim, registrou um aumento de 700% nos incêndios em comparação a 2023, impulsionado principalmente por pecuaristas ilegais interessados em transformar terras públicas em pastos privados. Em resposta, o governo brasileiro estuda a implementação de uma medida que exija o reflorestamento obrigatório das áreas queimadas, uma tentativa de desestimular a grilagem. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima também pede que governos locais e estaduais reforcem as políticas de gestão de terras rurais, já que a maioria dos incêndios tem origem em propriedades privadas.
Apesar de a taxa de desmatamento ter caído até 60% sob a administração Lula, os incêndios deste ano deixam claro que métricas de desmatamento sozinhas não capturam toda a extensão dos danos ambientais. Especialistas alertam que, sem ações significativas, a fragilidade atual da floresta pode levar a perdas devastadoras nos próximos anos.