Alarmante: Aumento de 630% nas denúncias de antissemitismo no Brasil após conflito em Gaza

As denúncias de antissemitismo no Brasil aumentaram dramaticamente no último ano, crescendo 630% após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro e a subsequente contraofensiva israelense na Faixa de Gaza. Entre o início do conflito e maio de 2024, foram registradas 2.005 queixas, comparadas a 275 no mesmo período do ano anterior.

O relatório detalhando esses dados foi divulgado nesta terça-feira (11) pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) e pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) durante um evento no Clube Hebraica, em São Paulo. Os presidentes das entidades, Claudio Lottenberg e Marcos Knobel, destacaram a importância de tornar públicos esses números alarmantes.

Impacto das declarações



Claudio Lottenberg, presidente da Conib, ressaltou a gravidade da situação: “Divulgar esses dados é fundamental. Não podemos conviver com a intolerância”, afirmou Lottenberg.

Ele também mencionou o papel das mídias sociais na amplificação do antissemitismo, permitindo que informações falsas e discursos de ódio se espalhem rapidamente.

O relatório também apontou que declarações de figuras públicas têm contribuído para o aumento das atitudes antissemitas. Uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 18 de fevereiro, comparando as ações militares de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, foi destacada como um dos fatores que agravaram a situação. Apesar de Lula ter posteriormente negado a intenção de fazer tal comparação, suas palavras geraram uma crise diplomática com Israel.

Além das redes sociais, onde as agressões aumentaram 419% em 2023, os incidentes antissemitas também cresceram significativamente em espaços públicos e próximos a sinagogas. Pichações, cartazes antijudaicos e distribuição de material nazista foram algumas das manifestações relatadas.

Necessidade de educação

Marcos Knobel, presidente da Fisesp, destacou a importância da educação como ferramenta para combater o antissemitismo.

“Vamos às universidades levantar problemas de intolerância aos judeus e levar nosso ponto de vista, e isso tem ajudado a reduzir a visão antissemita. Mas também é preciso agir na base, que são as escolas, em especial as não judaicas”, afirmou Knobel.


O relatório define atos de antissemitismo como negar a existência do Holocausto, reproduzir estereótipos de que judeus controlam a mídia ou a economia, e usar símbolos nazistas. Manifestações de antissionismo, como negar o direito dos judeus de terem seu próprio Estado, também são consideradas antissemitas.

Perspectiva internacional

Um relatório adicional divulgado pela Universidade de Tel Aviv e pela Liga Antidifamação (ADL) em maio reforça a escalada do antissemitismo no Brasil, apontando que o número de casos quadruplicou em 2023 em comparação com o ano anterior. A tendência é observada globalmente, com aumentos significativos nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Austrália.

O relatório da Conib e Fisesp sublinha a necessidade urgente de combater o antissemitismo através de medidas educacionais e políticas, visando criar uma sociedade mais tolerante e justa.