Ansiedade e depressão lideram os diagnósticos que levaram quase 3 mil trabalhadores a se afastarem do emprego no estado. No país, foram mais de 470 mil licenças, o maior número da última década.
A crise de saúde mental tem se refletido diretamente no mercado de trabalho, levando um número recorde de trabalhadores a se afastarem por transtornos psicológicos. Em 2024, o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos devido a problemas como ansiedade e depressão, conforme dados do Ministério da Previdência Social. Esse é o maior índice desde 2014, apontando um crescimento alarmante.
Em Alagoas, foram 2.736 afastamentos por transtornos mentais ao longo do ano. A ansiedade lidera o ranking com 852 concessões, seguida pela depressão, com 647 licenças. Outros transtornos como bipolaridade, estresse grave e esquizofrenia também figuram entre as principais causas.
O que explica o aumento dos afastamentos?
Psiquiatras e psicólogos apontam múltiplos fatores para o crescimento desses números. Entre eles estão o impacto da pandemia, que deixou marcas psicológicas profundas, e a pressão do mercado de trabalho, com sobrecarga, instabilidade e condições adversas.
Diante desse cenário preocupante, o governo federal decidiu intensificar as fiscalizações nas empresas. A NR-1, norma que estabelece diretrizes para a saúde no ambiente corporativo, foi atualizada e agora prevê penalidades para empregadores que não garantirem condições adequadas aos trabalhadores.
Perfis mais afetados
O levantamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) traça o perfil dos trabalhadores afastados por transtornos mentais. A maioria é mulher (64%), com idade média de 41 anos, e costuma se afastar do trabalho por até três meses.
Especialistas explicam que esse dado reflete desigualdades estruturais. Mulheres são mais afetadas por sobrecarga de trabalho, acumulando jornadas profissionais e domésticas, além de enfrentarem remuneração menor e maior vulnerabilidade à violência.
Os estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, concentraram a maior quantidade de licenças em números absolutos. No entanto, proporcionalmente à população, os índices mais altos foram registrados no Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No caso do Rio Grande do Sul, a tragédia das enchentes de 2024, que resultou em centenas de mortes e milhares de desabrigados, impactou diretamente a saúde mental dos trabalhadores.
A crise da saúde mental no ambiente profissional segue como um desafio crescente, exigindo atenção de empresas, órgãos públicos e da sociedade para minimizar seus impactos e garantir melhores condições de trabalho.