O novo relatório da Agência Brasileira de Inteligência acende um sinal de preocupação no governo. A Abin afirma que o ambiente político de 2026 tende a ser mais vulnerável do que o visto em disputas anteriores. Além disso, o documento aponta riscos que vão desde interferência estrangeira até pressões locais de grupos criminosos. Para a instituição, esses fatores podem abalar a confiança pública no sistema eleitoral. Assim, o órgão pede atenção permanente de autoridades e instituições.
Riscos eleitorais ampliados por tecnologia, crime organizado e tensões internacionais
O relatório “Desafios da Inteligência — Edição 2026” resume a avaliação oficial da Abin para o próximo ciclo eleitoral. Segundo o texto, desde 2018, a circulação de desinformação cresceu de forma constante. Esses conteúdos, espalhados principalmente por redes sociais, alimentaram suspeitas sobre a integridade do processo. No entanto, o documento lembra que esse movimento não ficou restrito ao debate digital.
Ele contribuiu para a escalada que resultou nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando prédios dos Três Poderes foram invadidos. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado por liderar a tentativa de ruptura institucional.
A Abin também destaca que a interferência externa não pode ser subestimada. Campanhas digitais sofisticadas, ataques cibernéticos e financiamentos ocultos são, segundo o órgão, métodos usados por atores estrangeiros. Eles buscam influenciar resultados políticos e ampliar tensões internas.
Embora o relatório não cite países, auxiliares do presidente Lula observam com atenção a postura dos Estados Unidos sob Donald Trump. O republicano tem feito declarações sobre eleições na região e já condicionou apoio político ao desempenho de aliados em países vizinhos.
Além disso, a Abin afirma que movimentos extremistas atuam em redes globais. Essas articulações compartilham métodos de manipulação e ampliam o alcance de campanhas coordenadas.
Consequentemente, os riscos deixam de ser apenas domésticos e passam a envolver disputas geopolíticas.
O relatório também alerta para o avanço do crime organizado. Facções e milícias, que controlam determinados territórios, influenciam campanhas e exercem pressão direta sobre moradores. Segundo a agência, esse tipo de atuação ameaça a liberdade do voto e compromete o ambiente democrático. Em algumas regiões, essa presença define limites para a ação do Estado.
A desinformação continua entre os maiores desafios. O uso de inteligência artificial, especialmente com deepfakes, facilita a criação de áudios e vídeos falsos. Por isso, cresce a dificuldade em distinguir conteúdos reais de simulações. Além disso, o documento afirma que a instrumentalização de temas religiosos tem ampliado a polarização. Esse tipo de mobilização intensifica conflitos e reduz a possibilidade de diálogo entre grupos com visões opostas.
Fora do campo eleitoral, a Abin lista desafios adicionais para 2026. Um deles envolve a transição para sistemas de criptografia pós-quântica. Essa adaptação será necessária porque computadores quânticos podem, no futuro, quebrar códigos usados hoje em sistemas sensíveis.
Outro risco relevante é o avanço de ataques cibernéticos conduzidos por agentes automatizados de IA. A tecnologia já permite que modelos planejem e executem ações sem supervisão humana direta.
No conjunto, o relatório apresenta um diagnóstico complexo. Entretanto, a Abin destaca que a defesa da integridade eleitoral não depende apenas de órgãos de segurança. Ela exige transparência pública, responsabilidade política e atenção permanente às dinâmicas digitais. Assim, o governo acompanha as movimentações internacionais e avalia como elas se conectam às tensões internas que marcam o atual cenário brasileiro.
