Macapá, uma cidade à beira do rio Amazonas com uma atmosfera ainda de cidade pequena, tem enfrentado uma crescente onda de violência. A capital regional, conhecida como “joia urbana da Amazônia“, tem sido palco de homicídios, assaltos e assassinatos a mando de facções criminosas.
Em 2023, o Brasil foi responsável por 10,3% dos homicídios globais, enquanto abrigava apenas 2,6% da população mundial. O que chama atenção agora é a migração da violência letal das grandes metrópoles do sudeste para as cidades da Bacia Amazônica, onde facções de drogas têm expandido seu território. No ano passado, a taxa de homicídios na região amazônica atingiu 34 por 100 mil habitantes, acima da média nacional de 22,8.
Especialistas alertam para as consequências desse crescimento da violência na Amazônia, onde as instituições de governança são frágeis e a aplicação da lei é limitada. O tráfico de drogas, movendo cocaína da Colômbia, Peru e Bolívia para portos internacionais, compartilha rotas clandestinas com a exploração ilegal de recursos naturais, como madeira e ouro. Esse cenário coloca em risco tanto o meio ambiente quanto a segurança pública, especialmente nas cidades em rápido crescimento da região.
Cidades amazônicas entre as mais violentas do Brasil
A violência urbana nas cidades da Amazônia, como Macapá e Santana, tem superado grandes centros históricos de crime como Rio de Janeiro e São Paulo. Com uma população que quintuplicou desde 1970, Macapá registrou 71,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2023, tornando-se a capital regional mais violenta do Brasil. Santana, cidade vizinha e porto movimentado, registrou 93 assassinatos por 100 mil habitantes, o índice mais alto entre as cidades brasileiras.
Grande parte desses crimes está ligada à disputa entre facções pelo controle do mercado local de drogas. Segundo José Lima Neto, secretário de segurança pública do estado do Amapá, “mais de 80% dos crimes violentos estão diretamente relacionados à guerra entre facções de drogas”.
Texto traduzido de matéria de Bloomberg