Os bilionários brasileiros enfrentam perdas massivas, com mais de US$ 12 bilhões sendo apagados de suas fortunas devido a uma crise fiscal que abalou os mercados do país. A desvalorização recorde do real e a queda de até 60% em algumas ações ao longo de 2024 refletem a desconfiança de investidores sobre a condução econômica do governo.
O mercado de ações brasileiro perdeu cerca de US$ 230 bilhões em valor neste ano, sendo US$ 60 bilhões apenas na última semana. O Banco Central tentou conter a crise, intervindo com vendas de dólares no mercado à vista e leilões de crédito que totalizaram US$ 7 bilhões na sexta-feira. Essas medidas impulsionaram temporariamente o real, que subiu 1,4%, mas a volatilidade permanece alta.
A resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em adotar cortes mais profundos nos gastos públicos é apontada como um dos principais fatores por trás da crise. A proposta de redução de R$ 70 bilhões até 2026 enfrenta resistência no Congresso e é vista como insuficiente por analistas e investidores. Enquanto isso, o déficit fiscal do país já alcança quase 10% do PIB, o que preocupa ainda mais o mercado.
Impactos na economia e no investimento
A crise afeta diretamente grandes empresários como Rubens Ometto, cuja empresa Cosan SA perdeu 66% de seu valor em dólar neste ano, e Luiza Trajano, cuja participação na Magazine Luiza SA caiu 75% no mesmo período. Projetos de fusões, aquisições e investimentos estão sendo adiados, enquanto hedge funds enfrentam resgates massivos e dificuldades em superar os benchmarks do mercado.
Apesar disso, alguns setores, como exportadores de carne e fabricantes de máquinas industriais, têm resistido melhor à crise, protegidos pela valorização do dólar.
O aumento das taxas de juros, esperado para alcançar 15% em 2025, dificulta ainda mais o financiamento para empresas e pressiona o consumo interno. Economistas alertam que a desvalorização do real pode elevar os preços ao consumidor, afetando especialmente itens sensíveis ao dólar, como alimentos e eletrodomésticos.
Desafios e migração de riquezas
A crise fiscal está acelerando a migração de capitais para o exterior. Consultorias financeiras recomendam que clientes ricos aumentem suas alocações em moedas fortes para até 50% de seus portfólios. Além disso, cresce o interesse em residências fiscais fora do Brasil, com destinos como Uruguai, Portugal e Itália em destaque.
Plataformas financeiras que facilitam transferências internacionais e investimentos offshore também estão experimentando um aumento sem precedentes na demanda.
Enquanto isso, a desconfiança dos investidores sobre a capacidade do governo de estabilizar a economia só aumenta. Como afirmou o banqueiro Ricardo Lacerda, “quem apostou contra o Brasil está ganhando, enquanto quem apostou a favor está perdendo.”