Dólar cai para R$ 6,12 após leilões do Banco Central

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Após atingir um recorde histórico de R$ 6,30 nesta quinta-feira (19), o dólar apresentou queda e passou a ser negociado a R$ 6,12. O recuo foi resultado de dois leilões de venda realizados pelo Banco Central (BC), totalizando US$ 8 bilhões, para conter a alta da moeda americana e equilibrar o mercado cambial.

O primeiro leilão, de US$ 3 bilhões, ocorreu pela manhã, mas foi insuficiente para conter a valorização. Um segundo leilão, de US$ 5 bilhões, foi realizado logo depois, reduzindo a cotação abaixo de R$ 6,20 por volta do meio-dia. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, atribuiu a volatilidade a uma saída extraordinária de recursos do país neste fim de ano.

Mercado acompanha cenário fiscal no dólar

Além das intervenções do BC, o mercado mantém o foco no pacote fiscal em tramitação no Congresso. A proposta busca reduzir os gastos públicos em R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e alcançar um total de R$ 375 bilhões até 2030. Contudo, alterações no texto original do governo, como mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e exclusão de ajustes no Fundo Constitucional do Distrito Federal, reduziram o impacto esperado.

O governo enfrenta pressão para implementar medidas mais eficazes que controlem o crescimento das despesas estruturais, como previdência e gastos com saúde e educação. Analistas destacam que a ausência de reformas mais robustas pode comprometer os esforços fiscais a longo prazo.

O relatório de inflação do BC, divulgado nesta semana, admitiu que a meta de inflação de 2024, fixada em 3% (com variação entre 1,5% e 4,5%), será descumprida pelo terceiro ano consecutivo. Isso reforça as preocupações sobre o cenário fiscal e cambial, alimentando a incerteza nos mercados.

Impacto no Ibovespa e Expectativas Globais

Enquanto o dólar recuava, o Ibovespa registrava alta de 0,60%, alcançando 121.498 pontos. Apesar do alívio no câmbio, os investidores permanecem atentos à evolução das medidas fiscais e à influência de fatores externos, como as recentes decisões do Federal Reserve (Fed).

O Fed anunciou um terceiro corte consecutivo na taxa de juros dos EUA, agora na faixa de 4,25% a 4,50%. Juros menores nos Estados Unidos tendem a beneficiar mercados emergentes, como o Brasil, ao reduzir a atratividade de ativos americanos e aumentar a entrada de capital estrangeiro.

Cenário e perspectivas

Embora os leilões do Banco Central tenham aliviado a pressão sobre o dólar no curto prazo, o mercado segue cauteloso. A eficácia do pacote fiscal e a evolução do cenário internacional continuarão a moldar a dinâmica econômica brasileira nos próximos meses, com impacto direto sobre o câmbio, a inflação e a confiança dos investidores.