Dólar sobe a R$ 6,17 apesar de intervenção do BC e preocupação fiscal

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O dólar voltou a subir nesta terça-feira, 17, atingindo R$ 6,1522 às 10h20, um avanço de 0,95% em relação ao dia anterior. Na máxima, a moeda chegou a R$ 6,1736, mesmo após o Banco Central (BC) realizar um leilão de venda à vista de dólares para conter a valorização.

Contexto de alta do dólar

A disparada do dólar ocorre em meio à incerteza sobre o pacote fiscal enviado pelo governo ao Congresso. A proposta, que busca economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e R$ 375 bilhões até 2030, enfrenta resistência no mercado. A percepção negativa sobre as contas públicas e a demora na aprovação do pacote têm pressionado a moeda.

Além disso, o BC divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual justificou o aumento da taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano. A alta da Selic foi atribuída, entre outros fatores, à desvalorização do real e à expectativa de mais aumentos, com a taxa podendo chegar a 14,25% no início de 2025.

A proposta do governo inclui medidas como o controle do aumento do salário mínimo. Porém, o mercado reagiu negativamente, elevando prêmios de risco e expectativas de inflação. Segundo o BC, essas tensões influenciam diretamente na taxa de câmbio e nos preços.

Em resposta às críticas e para evitar que o pacote seja desidratado no Congresso, o governo planeja liberar mais R$ 800 milhões em emendas parlamentares, além dos R$ 7,6 bilhões já comprometidos.

Ibovespa e perspectivas econômicas

Enquanto o dólar segue em alta, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou leve valorização de 0,09%, alcançando 123.673 pontos no início do pregão. Apesar disso, o índice acumula queda de 7,92% no ano, refletindo a instabilidade do cenário econômico.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou em encontro com o presidente Lula, que recebeu alta hospitalar recentemente, a necessidade de preservar a integridade das medidas fiscais e evitar alterações significativas na reforma tributária. O governo espera sancionar a reforma ainda este ano, conciliando mudanças entre Senado e Câmara.

Intervenção do Banco Central

Nesta terça, o BC vendeu US$ 1,272 bilhão em leilão, com uma taxa de câmbio de R$ 6,1005, para tentar conter o avanço da moeda americana. No entanto, o impacto foi temporário, e o dólar retomou sua trajetória de alta.

O cenário segue marcado por desconfiança do mercado e pressão por ajustes fiscais, com investidores atentos à votação do pacote econômico e ao comportamento da taxa de câmbio nas próximas semanas.