Banho de petróleo no Azerbaijão: tradição curiosa em meio à COP29

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Durante a COP29, sediada no Azerbaijão, um costume inusitado chamou atenção: o banho em petróleo cru, considerado um tratamento “medicinal” pelos habitantes locais. Essa prática milenar, realizada em resorts da cidade de Naftalan, destaca a relação cultural do país com o petróleo, mesmo enquanto o mundo discute a redução de combustíveis fósseis.

A experiência imersiva na COP29

O petróleo usado nos banhos em Naftalan é extraído de 800 metros de profundidade e possui características únicas: não é inflamável e, segundo moradores e especialistas locais, possui propriedades terapêuticas.

Os hóspedes submergem em banheiras cheias do líquido escuro e viscoso, que cobre o corpo completamente. Após cerca de 10 minutos, o excesso é raspado com utensílios especiais e o corpo é limpo com toalhas e sabonete.

Apesar da aparência similar ao chocolate derretido, o petróleo não é pegajoso, mas escorregadio. Para muitos visitantes, o banho oferece uma sensação de relaxamento, mesmo com o cheiro forte que mistura tinta e borracha.

Benefícios e controvérsias no uso de Petróleo

A prática de banhar-se em petróleo tem raízes antigas. Marco Polo mencionou seu uso na região e, durante a era soviética, estudos indicaram que o petróleo de Naftalan tinha propriedades antissépticas e hormonais, sendo recomendado para condições como artrite, psoríase e eczema.

Entretanto, os efeitos medicinais ainda são questionados pela ciência ocidental, especialmente devido aos componentes tóxicos do petróleo cru. Por isso, médicos locais sugerem alternativas como emplastos de petróleo, que reduzem a exposição ao líquido.

Com depósitos de petróleo “medicinal” em declínio – estimados para durar 60 anos –, Naftalan viu um aumento no número de visitantes desde 2020, atraindo turistas principalmente de ex-países soviéticos.

O uso turístico do petróleo reflete a ambiguidade cultural e econômica do Azerbaijão, um país profundamente conectado ao combustível fóssil. A prática gera renda e preserva tradições, mas também expõe as contradições de sediar uma conferência climática em um petroestado.

Reflexão climática

Enquanto os líderes globais discutem soluções para reduzir emissões e mitigar os impactos climáticos, o contraste entre a modernidade da COP29 e a tradição dos banhos de petróleo em Naftalan simboliza o desafio de equilibrar desenvolvimento econômico, cultura e sustentabilidade em um mundo em transição energética.