Copom alerta sobre riscos fiscais e impacto da eleição de Trump na política de juros

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (12) a ata de sua última reunião, destacando as preocupações com o cenário fiscal brasileiro e o impacto das recentes eleições nos Estados Unidos, que elegeram Donald Trump. O comitê ressaltou que a elevação dos gastos públicos e a incerteza quanto à política econômica dos EUA podem prolongar o ciclo de alta de juros no Brasil.

Segundo o documento, a percepção do mercado financeiro em relação ao aumento dos gastos e à sustentabilidade do arcabouço fiscal tem influenciado negativamente as expectativas econômicas e o câmbio. O Copom defendeu que uma política fiscal baseada em regras previsíveis e transparente é essencial para ancorar as expectativas inflacionárias e reduzir o risco sobre os ativos financeiros.

“Uma política fiscal crível […] reforça o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos,” apontou o colegiado.

A recente vitória de Trump e a possibilidade de mudanças econômicas nos EUA, como a introdução de novas tarifas de importação e estímulos fiscais, aumentam a incerteza global, segundo o Copom. Embora a expectativa seja de desaceleração gradual da economia americana, o cenário internacional foi descrito como “desafiador”.

Na última decisão de política monetária, o Copom intensificou o ritmo de alta da Selic, elevando a taxa em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Segundo o comitê, o objetivo é conter o avanço da inflação, que agora tem previsão de 4,6% para 2024 — acima do teto da meta de 4,5%. Para 2025, a projeção foi ajustada para 3,9%.

Perspectivas de inflação e próximos passos

Além das pressões externas, o Copom destacou os desafios internos, incluindo o aumento dos preços dos alimentos, a inflação de serviços e a desvalorização do real. O dinamismo do mercado de trabalho também foi citado como fator de pressão inflacionária. Diante desse cenário, o comitê indicou a possibilidade de continuidade no aumento gradual dos juros, deixando em aberto seus próximos passos, com a próxima reunião marcada para 10 e 11 de dezembro.

Analistas do mercado interpretaram que o BC está inclinado a prolongar o ciclo de alta de juros, preferindo um ajuste contínuo de 0,5 ponto percentual, em vez de uma elevação mais agressiva no curto prazo. Para o Goldman Sachs, o tom da ata foi mais rígido que o comunicado inicial, ressaltando as preocupações fiscais.