Dois ex-policiais que confessaram o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, foram condenados a longas penas de prisão em um julgamento que destacou as complexas relações entre política e crime organizado no Brasil. Ronnie Lessa, que disparou 14 tiros contra Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foi sentenciado a 78 anos e nove meses de prisão. Já Élcio de Queiroz, motorista do veículo de fuga, recebeu 59 anos e oito meses de pena.
Condenações e impacto familiar
Ambos os réus também foram condenados pela tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que sobreviveu ao ataque. As sentenças foram proferidas pelo júri em um processo de dois dias no Rio de Janeiro, onde os réus, presos desde 2019, haviam firmado delações premiadas que resultaram na prisão dos supostos mandantes do crime.
Durante o julgamento, a promotoria destacou que Lessa e Queiroz só confessaram o crime quando perceberam que as provas os incriminavam e buscaram benefícios em troca. A sentença foi vista como um passo inicial para a justiça, mas familiares e apoiadores de Marielle lembraram que ainda falta o julgamento dos acusados de ordenar o assassinato: os políticos Domingos e Chiquinho Brazão e o ex-chefe de polícia Rivaldo Barbosa.
O legado de Marielle Franco e a luta por justiça
Marinete Silva, mãe de Marielle, chamou os réus de “covardes” e ressaltou a dor de uma mãe que perdeu a filha. Fernanda Chaves, a única sobrevivente, afirmou que a mensagem de Marielle Franco permanece viva e que seus assassinos terão que conviver com esse legado. Já Anielle Franco, irmã da vereadora e atual ministra da Igualdade Racial, destacou a necessidade de acabar com a normalização da violência no país, reiterando que a condenação de Lessa e Queiroz é apenas parte da justiça esperada.
Artigo traduzido de The Guardian