O Brasil se tornou uma referência global em pesquisas científicas relacionadas à alimentação saudável. Desde o início dos anos 2000, o país tem influenciado diretamente a forma como o mundo vê a nutrição, graças ao trabalho pioneiro da equipe liderada pelo pesquisador Carlos Monteiro, da USP. A nova classificação dos alimentos, que divide-os em quatro grupos — in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, processados e ultraprocessados — trouxe uma nova perspectiva para a nutrição e saúde pública.
Esse modelo não só foi adotado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, mas também impactou políticas públicas, especialmente nas escolas, onde alunos passaram a consumir refeições mais nutritivas, ricas em frutas e vegetais. A mudança contribuiu diretamente para combater doenças como diabetes, obesidade e hipertensão, que, segundo um levantamento recente, geram um custo de mais de R$ 9 bilhões por ano ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Brasil na influência global e impacto nas políticas alimentares
As recomendações brasileiras transcenderam fronteiras. Pesquisadores e organizações de saúde em diversos países passaram a estudar o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde, muito graças às iniciativas do Brasil. Chris van Tulleken, médico britânico e membro de comissões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), afirmou que as pesquisas brasileiras mudaram o paradigma da alimentação no mundo.
Van Tulleken destacou que, no Reino Unido, 60% das calorias consumidas por crianças provêm de alimentos que não nutrem adequadamente, mas o avanço das pesquisas internacionais sobre o tema só foi possível graças à influência do Brasil.