O debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado na noite desta quinta-feira, 3, três dias antes do primeiro turno, foi marcado por ataques a Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito, e críticas a Guilherme Boulos (PSOL), especialmente por Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB). O encontro, transmitido pela TV Globo, teve menos ofensas em comparação aos debates anteriores, mas manteve um tom de acusações e troca de farpas entre os principais concorrentes.
Nunes, com o maior tempo de propaganda na televisão, foi o principal alvo dos adversários, com críticas à sua gestão, especialmente nas áreas de saúde e educação. Marçal, que nos últimos debates adotou um tom mais agressivo, moderou sua postura, talvez em resposta à sua crescente rejeição, que alcança 53%, segundo o Datafolha. Ele focou em críticas diretas à gestão de Nunes e também ao PSOL, chamando Boulos de “esquerdopata” e levantando acusações de envolvimento com o crime.
Boulos e Tabata uniram forças contra Nunes
Guilherme Boulos e Tabata Amaral usaram parte de seus tempos para atacar Nunes, unindo esforços para criticar a administração do prefeito. Boulos, no entanto, também foi alvo de Tabata, que o acusou de recuar em posições importantes para a esquerda, questionando se ele estava agindo conforme seus marqueteiros ou sua ideologia partidária.
Marçal, que vinha sendo um dos candidatos mais polêmicos, buscou se distanciar de seu comportamento anterior ao tentar se colocar como representante da direita, isolado de todos os outros concorrentes, os quais rotulou como sendo de esquerda. Ele também mencionou reportagens que questionam promessas não cumpridas por Nunes, como a construção de casas na aldeia de Camizungo, em Angola.
Confrontos durante o debate e acenos ao eleitorado periférico
Os candidatos não pouparam esforços em atrair o eleitorado da periferia de São Paulo. Boulos, em sua fala, tentou se conectar com esse público ao lembrar suas propostas para melhorar a saúde e a infraestrutura nos bairros mais afastados, além de destacar sua parceria com o presidente Lula (PT) e a vice Marta Suplicy (PT). Tabata também focou em questões sociais e buscou reforçar sua origem periférica, criticando a gestão de Nunes.
Ao longo do debate, Boulos apresentou um exame toxicológico como forma de refutar acusações feitas por Marçal em debates anteriores, uma estratégia que foi alertada pelo mediador César Tralli por violar as regras, mas que não gerou punição. O episódio gerou críticas de Marçal após o debate.
Marçal suaviza, mas mantém ataques
Apesar da postura mais contida em relação aos debates anteriores, Marçal não se furtou de retomar sua narrativa antissistema e de posicionar-se como o único candidato de direita no debate. Ele criticou o que chamou de “campanha e propaganda enganosa” dos adversários e afirmou ser o único candidato que não deve favores políticos, buscando se diferenciar ao afirmar que usaria a política como ferramenta de filantropia.
O debate trouxe erros factuais, como a afirmação exagerada de Tabata sobre a cracolândia e uma cifra exagerada de Datena sobre mortes durante o regime de Mao Tsé-Tung. Ainda assim, o confronto evidenciou a polarização e as tentativas dos candidatos de conquistar os eleitores indecisos.
Segundo a pesquisa Datafolha divulgada no mesmo dia, Boulos (26%), Nunes (24%) e Marçal (24%) estão tecnicamente empatados na corrida eleitoral, refletindo o clima de acirramento da disputa.