O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, está em estado de alerta, desenvolvendo planos para uma eventual repatriação de brasileiros que residem no Líbano, à medida que a tensão entre Israel e o Hezbollah aumenta. Apesar do monitoramento constante da situação, a avaliação atual é que não há uma necessidade imediata de evacuação, e o governo busca evitar criar um clima de pânico entre os cidadãos, conforme reportado por Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Desafios e estratégias de evacuação
Desde o início dos ataques israelenses ao Líbano, o Itamaraty tem mantido comunicação discreta com os governos libanês e sírio, além de discutir com o Ministério da Defesa sobre possíveis operações de evacuação. No entanto, até o momento, nenhum país iniciou oficialmente a retirada de seus cidadãos, mesmo com o aumento dos alertas consulares.
A situação no Líbano apresenta desafios diferentes da recente repatriação de brasileiros da Faixa de Gaza. Em Gaza, as fronteiras são rigidamente controladas, e as negociações para retirar os 32 brasileiros e palestinos levaram mais de um mês. Em contraste, o aeroporto de Beirute permanece funcional, permitindo que cidadãos deixem o país por meio de voos comerciais, apesar de enfrentarem atrasos e cancelamentos. O governo brasileiro considera fundamental a manutenção dessas opções de saída, justificando sua cautela em implementar um plano formal de repatriação neste momento.
Contudo, se a situação se agravar, o Itamaraty está preparado para agir. A diplomacia brasileira mantém contato com a comunidade de aproximadamente 21 mil brasileiros no Líbano, coletando informações sobre aqueles que desejam retornar ao Brasil. Um alerta consular, emitido em 25 de agosto, recomendou que brasileiros evitassem viagens ao Líbano e que aqueles que estão no país considerassem partir antes que a situação se normalize.
Reuniões diplomáticas e possíveis rotas de evacuação
Na quinta-feira, 27, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, encontrou-se com o chanceler sírio, Bassam Sabbag, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Os dois diplomatas discutiram a relação bilateral, a crise humanitária em Gaza, e a possibilidade de alastramento do conflito para a região, incluindo o Líbano e a Síria. Durante a reunião, também foram abordadas possíveis rotas de refúgio e retirada de estrangeiros no Líbano, com a possibilidade de evacuação via Damasco, que está a cerca de 40 quilômetros da fronteira libanesa.
Com o aumento dos bombardeios israelenses no sul do Líbano e as represálias do Hezbollah, essa rota é considerada uma das mais seguras para a evacuação de cidadãos. Apesar do conflito civil em curso na Síria, essa alternativa está sendo cogitada como viável para a retirada de brasileiros do Líbano, caso a situação se deteriore ainda mais.