Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru, faleceu nesta quarta-feira, 11, aos 86 anos, após uma batalha contra um câncer na língua. O político, cuja trajetória foi marcada por decisões controversas e acusações graves, deixou um legado complexo na política peruana.
Trajetória política e controvérsias
Nascido em 1938 em Lima, Fujimori foi eleito presidente do Peru em 1990, representando o partido “Cambio 90”. Sua vitória sobre o renomado escritor Mario Vargas Llosa foi um feito significativo. No entanto, sua presidência ganhou notoriedade em 5 de abril de 1992, quando ele deu um autogolpe, dissolvendo o Congresso, neutralizando a oposição e concentrando todos os poderes em suas mãos. Esse ato instaurou um regime de exceção, que, apesar de ser apoiado por uma parte significativa da população e pelas Forças Armadas, foi amplamente criticado por suas implicações autoritárias.
Fujimori renunciou à presidência em 2000 por meio de um fax e fugiu para o Japão, aproveitando sua dupla cidadania. Em 2005, foi preso no Chile e extraditado ao Peru em 2007, onde enfrentou processos judiciais. Em 2009, foi condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade, incluindo os massacres de Barrios Altos e da Universidad de la Cantuta, e por participação em sequestros e escândalos de corrupção. Esses crimes foram perpetrados por grupos de operações especiais sob seu comando, que visavam supostos subversivos e opositores políticos.
Últimos anos e legado
Após ser libertado da prisão em dezembro de 2023, por decisão do Tribunal Constitucional do Peru, Fujimori foi tratado em casa, na residência de sua filha, Kiko, em Lima. Sua condição de saúde deteriorou-se com a descoberta de um câncer na língua e outras complicações médicas. O velório está agendado para começar às 11h desta quinta-feira, 12, o Museu da Nação, com o enterro previsto para o sábado (14) no cemitério Campo Fé, também em Lima.
Fujimori é uma figura polarizadora: seus apoiadores o elogiam por suas políticas econômicas que estabilizaram a hiperinflação e derrotaram a guerrilha Sendero Luminoso. Por outro lado, seus críticos apontam o caráter autoritário de seu governo e as graves violações de direitos humanos que marcaram seu mandato. A combinação dessas facetas torna o ex-presidente uma figura complexa e debatida na história política do Peru.