O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, apresentou variação negativa de 0,02% em agosto, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. Esse resultado, que surpreendeu o mercado, marca a primeira deflação desde junho de 2023, quando o índice também teve queda.
Principais fatores para a deflação
A deflação de agosto foi impulsionada principalmente pela redução nos preços dos alimentos e bebidas, que registraram queda de 0,44%, além da diminuição na tarifa de energia elétrica. Apesar do resultado negativo, a inflação acumulada no ano chega a 2,85%. Nos últimos 12 meses, o índice acumulado é de 4,24%, ficando abaixo do teto da meta de inflação estipulada para 2024.
Esse cenário ocorre em um contexto de expectativa de alta na taxa Selic, que, segundo o Boletim Focus, deve subir para 11,25% ao ano em 2024. O relatório também revisou a projeção da inflação para o final de 2024, passando de 4,26% para 4,3%.
Impacto das bandeiras tarifárias de energia
O comportamento das tarifas de energia elétrica foi outro fator determinante para o resultado do IPCA em agosto. O Brasil adota o sistema de bandeiras tarifárias para ajustar o custo da energia, de acordo com a oferta e demanda. A bandeira amarela, que estava vigente, adicionava R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. No entanto, em setembro, a bandeira vermelha (patamar 1) entrou em vigor, com um acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 kWh, o que pode pressionar o índice inflacionário nos próximos meses.
A previsão de alta na Selic e a instabilidade no setor de energia elétrica são fatores a serem monitorados pelos consumidores e pelo governo nos próximos meses.