O ex-presidente Jair Bolsonaro aproveitou a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que determinou a suspensão do acesso à plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter), para mobilizar a direita no Brasil. Durante um comício em São Paulo, Bolsonaro criticou o juiz Alexandre de Moraes e usou a polêmica para reforçar sua influência sobre a oposição de direita.
O alvo principal de Bolsonaro foi o juiz de Moraes, que tem sido central nos esforços para combater notícias falsas e discurso de ódio no Brasil. A decisão de Moraes de bloquear o X, efetiva desde 30 de agosto, seguiu uma disputa prolongada com Elon Musk sobre o cumprimento das regulamentações locais, incluindo a nomeação de um representante legal no Brasil.
Bolsonaro se dirigiu à multidão pedindo ação, dizendo: “Espero que o Senado coloque um freio em Alexandre de Moraes.” Seus comentários ecoaram os de seu filho, Eduardo Bolsonaro, que acusou Moraes de tentar “acabar com a liberdade de expressão no país” e pediu o impeachment do juiz.
Eduardo Bolsonaro também destacou a posição de Musk sobre o assunto, sugerindo que a batalha pela liberdade de expressão transcende interesses econômicos. Ele elogiou Musk pela defesa da liberdade de expressão, contrastando com a abordagem de Moraes.
Em sua decisão, Moraes criticou o X por contribuir para um “ambiente de total impunidade e desregulamentação” nas redes sociais brasileiras, especialmente durante as eleições locais de 2024. Ele acusou a empresa de desrespeitar repetidamente as ordens judiciais e de não enfrentar a disseminação de informações políticas falsas na plataforma.
A opinião pública sobre o assunto está fortemente dividida. De acordo com uma pesquisa da AtlasIntel divulgada em 4 de setembro, quase 51% dos entrevistados discordam da decisão de Moraes de banir o X, enquanto 48% a apoiam. Essa divisão reflete a polarização mais ampla dentro da sociedade brasileira em relação às ações judiciais e seu impacto sobre a liberdade de expressão e informação.
Artigo traduzido de BNN Bloomberg