O Censo 2022 revelou que mais de 160 mil pessoas no Brasil residem em condições improvisadas, como tendas, barracas de lona, carros, edifícios não residenciais abandonados ou estabelecimentos comerciais. Esses dados destacam a precariedade habitacional enfrentada por uma parcela significativa da população brasileira. A pesquisa também revelou que quase um terço desses indivíduos são menores de idade, sublinhando a vulnerabilidade das famílias nessas condições.
Categorias de domicílios improvisados
De acordo com o IBGE, a maior parte das pessoas que vivem em condições improvisadas reside em “tendas ou barracas de lona, plástico ou tecido”, totalizando 56.600 pessoas. A metodologia de medição do Censo 2022 é diferente da de 2010, o que impede uma comparação direta dos números. A pesquisa de 2010 identificou 282.692 moradores em domicílios improvisados, mas mudanças na metodologia dificultam uma comparação exata.
O Censo não contabiliza a totalidade da população de rua, estimada em cerca de 300 mil pessoas, nem as moradias em favelas. A pesquisa focou em identificar domicílios improvisados, incluindo aqueles nas ruas, mas não inclui situações como pessoas que dormem apenas sobre papelão.
Detalhes e contexto
O levantamento revelou que 14 mil pessoas moram em estruturas improvisadas em logradouros públicos, consideradas população de rua. No entanto, as tendas e barracas de lona podem não refletir apenas a situação de rua, como ocorre em acampamentos em áreas rurais, incluindo zonas de garimpo na Amazônia.
A classificação de domicílios improvisados foi expandida em 2022 com a inclusão de novas subcategorias. Segundo Bruno Perez, analista do IBGE, a aparente redução no número de domicílios improvisados pode estar relacionada ao aprimoramento da definição das categorias.
“O aperfeiçoamento das categorias pode ter levado a uma redução se anteriormente domicílios permanentes eram erroneamente classificados como improvisados”, explica Perez.
Situação de vulnerabilidade
Os dados do Censo destacam a vulnerabilidade de pessoas em condições de habitação precária. Entre as 56.600 pessoas que residem em tendas ou barracas, 31% são menores de idade. Para as 14 mil pessoas que vivem em estruturas improvisadas nas ruas, 34% são crianças e jovens com menos de 18 anos. Além disso, 15% dos moradores de domicílios improvisados são analfabetos, e 29% são menores de idade.
A pesquisa também revelou que 43.368 pessoas vivem dentro de estabelecimentos comerciais. O IBGE não detalhou se esses indivíduos são proprietários dos negócios ou se há outras circunstâncias envolvidas. Os estados com maior número de moradores em estabelecimentos comerciais são São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Pará, frequentemente alvo de operações do Ministério Público do Trabalho.
Esses dados fornecem uma visão crítica sobre as condições habitacionais no Brasil, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes para enfrentar a precariedade e a vulnerabilidade habitacional.