A crise nas lavouras de cana-de-açúcar no interior de São Paulo se agravou com a recente onda de incêndios que atingiu a região. A seca, que já impactava a produção desde abril, foi intensificada pelo fogo, que destruiu não apenas a cana pronta para a colheita, mas também rebrotas que seriam a base da próxima safra.
De acordo com José Guilherme Nogueira, CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), as perdas serão significativas. “Queimar cana é queimar dinheiro”, disse ele, destacando que os produtores enfrentarão custos mais elevados para renovar as plantações e uma redução na produtividade. Além disso, essa situação poderá influenciar os preços do açúcar e do etanol nos próximos meses.
Secas e incêndios colocam produtores em alerta
Com a previsão de que a seca persista até setembro, a expectativa de colheita no estado de São Paulo, maior produtor de cana do Brasil, já foi revista para baixo. Inicialmente, a estimativa era de 420 milhões de toneladas, mas agora se espera que o número seja de 370 milhões, uma redução de cerca de 12%.
Além da seca, os incêndios do último final de semana agravaram ainda mais o cenário. Com mais de 2 mil focos de incêndio, cerca de 5 milhões de toneladas de cana foram destruídas em 59 mil hectares, o que representa 1,5% da produção total de São Paulo. Embora o percentual pareça pequeno, a perda de rebrotas poderá comprometer a produtividade das safras futuras, elevando ainda mais os custos de produção.
Esse cenário já reflete no mercado internacional. Na segunda-feira, os contratos futuros do açúcar bruto na bolsa de Nova York subiram 3,5%, impulsionados pelos incêndios no Brasil. E, segundo analistas, o impacto no preço do etanol deve ser sentido nas próximas semanas.