Exploração ilegal de ouro atinge novos níveis no Mato Grosso

O estado do Mato Grosso, conhecido por sua vasta área agrícola, enfrenta uma crise de mineração ilegal, especialmente em terras indígenas protegidas. De acordo com um relatório divulgado pelo Greenpeace na quinta-feira, 22, a situação se agravou com a chegada de milhares de garimpeiros em busca de novas oportunidades de exploração. Imagens chocantes, capturadas por um avião do Greenpeace, mostram grandes áreas de floresta desmatadas e escavadas, situadas no território indígena Sararé.

Estima-se que cerca de 5.000 garimpeiros estejam atualmente no local, um número que disparou desde o ano passado, apesar dos esforços de fiscalização das autoridades. A área de Sararé, formalmente reconhecida como território indígena, é protegida por lei contra mineração e atividades agrícolas comerciais.

Medidas e Desafios

Em julho, uma operação conjunta das polícias federal e ambiental, junto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), tentou desmantelar as operações de mineração, incluindo a queima de equipamentos. No entanto, imagens recentes mostram que escavadoras ainda permanecem na área, indicando a dificuldade em controlar a situação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se a erradicar a mineração ilegal em terras indígenas e a reduzir o desmatamento ilegal a zero até o final de seu mandato em 2026. No ano passado, a administração de Lula mobilizou forças militares e policiais para desalojar milhares de garimpeiros do território Yanomami, a maior reserva indígena do Brasil. Apesar desses esforços, a invasão de mineradores ilegais continua a causar doenças, violência e desnutrição entre os Yanomami.

No território Sararé, que abriga cerca de 250 indígenas em sete vilas, a mineração ilegal representa uma ameaça crescente. Além do avanço da fronteira agrícola, que promove a abertura de novas plantações de soja na Amazônia, a exploração mineral está intensificando a pressão sobre as comunidades locais.

Dados do sistema de imagens de satélite DETER, que monitora novos desmatamentos e áreas de mineração, revelam um aumento alarmante nos alertas de novas áreas mineradas. O número de alertas em Sararé saltou de 273 hectares no ano passado para 570 hectares apenas nos primeiros seis meses deste ano.

O território Sararé cobre 67.000 hectares e está localizado a cerca de 500 km a oeste da capital de Mato Grosso, Cuiabá, próximo à fronteira com a Bolívia. A cidade mais próxima da reserva é Conquista d’Oeste, destacando a distância e a dificuldade de monitoramento efetivo da região.

Matéria traduzido de artigo de Reuters