O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu nesta terça-feira, 13, a continuidade das obras da usina nuclear de Angra 3, paralisadas há 39 anos e com um custo estimado de R$ 26 bilhões para sua conclusão. Silveira enfatizou que o governo não pode permitir que a obra se transforme em um “mausoléu” e que uma decisão final sobre o projeto deve ser tomada ainda este ano.
As obras de Angra 3, além de impactarem as contas públicas, também afetam os interesses dos investidores da Eletrobras, privatizada em 2022. A empresa, que atualmente faz aportes no empreendimento como sócia indireta, busca negociar a venda de sua participação à União em troca de maior influência no conselho da companhia.
Impasses e desafios para concluir Angra 3
Durante audiência na comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Silveira destacou que o Executivo aguarda a conclusão de estudos do BNDES sobre a viabilidade tarifária da usina para tomar uma decisão. Ele ressaltou que “nenhum governo tem o direito de enterrar R$ 20 bilhões em uma obra” e que a conclusão de Angra 3 representaria um sucesso para a gestão atual.
O ministro revelou que a retomada das obras exigirá um aporte imediato de R$ 5,2 bilhões por parte da União e da Eletrobras. No entanto, a Eletrobras já indicou que não deseja continuar investindo no projeto, o que está levando o governo a buscar alternativas para viabilizar a conclusão.
Silveira também abordou o desafio de controlar os custos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que impacta diretamente a tarifa de energia paga pelos consumidores. Ele afirmou que “não quer ser o pai da conta de luz mais cara do mundo” e que o governo está trabalhando para apresentar ao Congresso, até o final de setembro, um projeto de reestruturação do setor elétrico que inclui medidas como ampliação do acesso à tarifa social e revisão dos encargos setoriais.
Além disso, o ministro defendeu o aumento da distribuição de gás no país, mas alertou que isso não deve ocorrer às custas do aumento na conta de energia dos brasileiros. O tema está sendo discutido entre o Ministério de Minas e Energia, o presidente Lula e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, com o objetivo de aumentar a oferta de gás e reduzir seu custo no mercado nacional.