O Brasil e a China estão celebrando 50 anos de relações diplomáticas, um marco que ocorre em um momento de crescente polarização geopolítica, com analistas sugerindo uma nova “guerra fria” entre Pequim e Washington. Em entrevista à série Open Questions, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, que coordena a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível para Consulta e Cooperação (Cosban) e lidera o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, discute os avanços nas relações bilaterais e os desafios atuais.
Relações bilaterais e desafios geopolíticos
Em um cenário global marcado por tensões, Alckmin abordou o impacto do 50º aniversário das relações diplomáticas Brasil-China e a importância da visita iminente do presidente Xi Jinping ao Brasil.
“O Brasil é um país grande, com uma economia complexa e significativa, a oitava maior do mundo. Essas características moldaram nossa tradição de política externa universalista e pragmática”, afirmou Alckmin.
Ele destacou que o Brasil tem relações profundas e amplas tanto com a China quanto com os Estados Unidos, celebrando também 200 anos de laços com o país norte-americano este ano.
Alckmin não se alinha diretamente com a ideia de uma nova guerra fria, mas enfatiza que o Brasil busca manter uma postura equilibrada, promovendo a cooperação e construindo pontes entre diferentes partes do mundo. O país mantém relações robustas com as duas grandes potências e busca uma política externa que favoreça o desenvolvimento e o diálogo construtivo.
Tarifa ao aço chinês e cooperação pós-desastre climático
A recente decisão do Brasil de impor tarifas sobre o aço chinês foi um ponto de debate significativo. Alckmin comentou sobre a medida, ressaltando que ela se insere em um contexto mais amplo de gestão de disputas comerciais e proteção das indústrias nacionais.
“Essas tarifas foram uma resposta a questões específicas de comércio e têm o objetivo de proteger nossa indústria. No entanto, mantemos nosso compromisso com o diálogo e a cooperação em outras áreas”, explicou.
Além disso, Alckmin destacou a ajuda substancial que o Brasil recebeu da China após o pior desastre climático recente no país. “A resposta rápida e o suporte da China foram fundamentais para enfrentar os desafios impostos pelo desastre. Isso demonstra a força e a importância da nossa parceria”, afirmou.
Perspectivas para o futuro
À medida que o Brasil e a China comemoram meio século de laços diplomáticos, Alckmin expressou otimismo sobre o futuro das relações bilaterais. Ele enfatizou a importância de continuar construindo sobre os fundamentos sólidos estabelecidos ao longo dos anos e de abordar desafios comerciais e políticos com uma abordagem equilibrada e pragmática.
Com a visita de Xi Jinping ao Brasil e a continuidade das discussões na Cosban, o vice-presidente acredita que as duas nações têm a oportunidade de fortalecer ainda mais sua parceria e enfrentar desafios globais conjuntamente.
“Estamos comprometidos em avançar com nossa agenda de cooperação e a enfrentar as complexidades do cenário global com uma postura que promova o desenvolvimento e o entendimento mútuo”, concluiu Alckmin.