Falta de transparência nas eleições venezuelanas provoca reações intensas na América Latina

As eleições presidenciais na Venezuela, realizadas no último domingo, 28, deixaram a América Latina em estado de alerta devido às denúncias de falta de transparência e suposta manipulação dos resultados. Líderes de diversos países, incluindo os Estados Unidos, exigiram a divulgação completa das atas de votação para verificar a veracidade dos resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que apontou a reeleição de Nicolás Maduro com 51% dos votos.

Controvérsias e denúncias de fraude

O resultado, anunciado pelo CNE na madrugada desta segunda-feira, 29, indicou a vitória de Maduro com mais de 5,1 milhões de votos (51,2%) contra 4,4 milhões (44,2%) obtidos pelo candidato opositor, Edmundo González Urrutia. A oposição venezuelana alega não ter tido acesso a 100% das atas de votação e contesta o resultado final, afirmando que González Urrutia é o verdadeiro vencedor.

França, Espanha e União Europeia foram alguns dos primeiros a exigir “transparência total” no processo eleitoral. Nove países latino-americanos, incluindo Argentina, Costa Rica e Paraguai, pediram uma “revisão completa dos resultados eleitorais”.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, expressou sua “séria preocupação” de que o resultado não reflita a vontade do povo venezuelano e pediu uma recontagem “justa e transparente” dos votos.

Reações na América Latina

Diversos líderes latino-americanos reagiram de forma contundente aos resultados anunciados. O presidente chileno, Gabriel Boric, afirmou que o país não reconhecerá nenhum resultado que não seja verificável.

“O regime de Maduro deve entender que os resultados publicados são difíceis de acreditar. Desde o Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”, declarou Boric.

Na Argentina, o presidente Javier Milei criticou duramente o processo eleitoral, chamando Maduro de ditador e exigindo que as Forças Armadas defendam a democracia. “A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”, escreveu Milei em sua conta no X (antigo Twitter).

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, também pediu “total transparência” na contagem dos votos e a publicação das atas tabela por tabela. “Queremos que a transparência seja garantida”, afirmou Albares.

Posições divergentes e futuro Político

“Enquanto alguns países criticaram o processo eleitoral, aliados de Maduro, como Cuba, Nicarágua e Rússia, parabenizaram sua reeleição. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, elogiou a dignidade e a coragem do povo venezuelano”, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, felicitou Maduro e reafirmou a parceria estratégica entre os dois países.

A China também parabenizou Maduro, com um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês destacando a vontade de “enriquecer a parceria estratégica” com a Venezuela.

A crise política na Venezuela e as reações internacionais podem ter desdobramentos significativos nas próximas semanas, especialmente com a possibilidade de uma reunião urgente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir a situação. A legitimidade dos resultados eleitorais e a estabilidade política do país estão em jogo, afetando não apenas a Venezuela, mas também as relações diplomáticas na região.