Em um cenário marcado por controvérsias e apelos internacionais por transparência, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu congratulações de vários governos estrangeiros após ser proclamado reeleito para um terceiro mandato nas eleições presidenciais realizadas no último domingo, 28. No entanto, a legitimidade do pleito está sendo amplamente contestada pela oposição e por alguns países latino-americanos, que denunciam possíveis irregularidades e fraudes eleitorais.
Reconhecimento internacional
Os líderes de alguns dos principais aliados de Maduro não tardaram em expressar seu apoio. O presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem de felicitações destacando a parceria estratégica entre Rússia e Venezuela.
“As relações russo-venezuelanas são de caráter estratégico, e estou confiante de que sua liderança continuará a contribuir para o desenvolvimento progressivo de ambos os países”, afirmou Putin, conforme comunicado do Kremlin.
A China também se manifestou, parabenizando Maduro pela vitória e ressaltando a importância das relações bilaterais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, destacou que este ano marca o 50º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países, e expressou o desejo de fortalecer ainda mais a parceria estratégica entre a China e a Venezuela.
Cuba e Bolívia, igualmente, enviaram saudações ao presidente venezuelano. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, fez questão de telefonar a Maduro, transmitindo felicitações em nome do Partido, do Governo e do povo cubano. Da mesma forma, o presidente boliviano Luis Arce parabenizou Maduro, destacando a importância da vitória como uma homenagem ao legado de Hugo Chávez.
O Irã também fez sua parte, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, elogiando a realização das eleições, apesar das dificuldades enfrentadas pelo país venezuelano. Kanaani ressaltou a participação do povo e a supervisão internacional como sinais de uma democracia em processo de institucionalização.
Controvérsias e críticas
A oposição venezuelana e vários líderes latino-americanos têm se oposto fortemente à validade dos resultados eleitorais. O presidente argentino, Javier Milei, denunciou o que considera uma fraude eleitoral, afirmando que a Argentina “não reconhecerá outra fraude”. Milei destacou a diferença significativa de votos contra o governo de Maduro e pediu que as Forças Armadas defendam a democracia no país.
A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, também se manifestou, criticando o processo eleitoral e afirmando que os dados disponíveis mostram uma diferença de votos substancial contra o governo. Ela argumentou que não há fraude ou violência que possa ocultar a realidade dos resultados.
No Chile, o presidente Gabriel Boric e o ministro das Relações Exteriores, Alberto van Klaveren, pediram transparência na divulgação dos resultados eleitorais, enfatizando a necessidade de que a vontade popular seja plenamente respeitada. Boric expressou a expectativa de que a entrega dos resultados seja feita de maneira ágil e refletiva.
Reação brasileira e futuro político
O Brasil, por sua vez, adotou uma postura mais cautelosa. O governo brasileiro, através do enviado presidencial Celso Amorim, afirmou que aguarda a divulgação oficial dos resultados e espera que eles sejam respeitados por todas as partes envolvidas. A reação brasileira tem sido influenciada pelo debate interno sobre como se posicionar diante da controvérsia.
A oposição venezuelana já levantou preocupações sobre a falta de transparência na transmissão dos resultados e a obstrução de seus representantes nos centros de votação. A alegação de irregularidades e a falta de comunicação clara sobre o processo eleitoral colocam uma sombra sobre a legitimidade dos resultados e sobre a estabilidade política da Venezuela.
Enquanto alguns países e líderes internacionais celebram a vitória de Nicolás Maduro, a oposição e vários governos latino-americanos questionam a integridade do processo eleitoral. O desenrolar desta crise política e as reações internacionais poderão ter implicações significativas para a Venezuela e para suas relações internacionais nos próximos meses.
Com informações da agência de notícias Reuters e da Folha de S.Paulo.