Recentemente, a Argentina, sob a liderança de Javier Milei, tem demonstrado uma linha dura na política de segurança pública. Esse posicionamento ficou evidente com dois eventos que ocorreram nos últimos dias e que refletem as ambições do chefe da Casa Rosada para os próximos três anos e meio de seu mandato. Patricia Bullrich, ex-presidenciável e atual ministra da Segurança, desempenha um papel crucial nessa agenda.
A ministra, acompanhada de altos funcionários como o diretor de inteligência criminal argentina e o secretário de assuntos penitenciários, visitou El Salvador para se encontrar com o presidente Nayib Bukele. Durante a visita, foram firmados diversos acordos na área de segurança. Bukele, recentemente reeleito em um processo eleitoral contestado, implementa uma política de linha-dura no sistema penitenciário, que, embora tenha reduzido a violência, gerou encarceramento em massa e violações de direitos humanos.
Bullrich elogiou as políticas de Bukele, destacando a necessidade de mudanças legislativas e vontade política para aplicar as forças de segurança onde necessário. A ministra, com uma trajetória marcante — incluindo um período como guerrilheira e exílio no Brasil —, assinou um convênio para intensificar a colaboração entre os países, com troca de informações, instrumentos legais e capacitação conjunta das forças de segurança.
Além disso, Argentina e El Salvador planejam criar um “laboratório de políticas de segurança”, utilizando dados atualizados dos dois países e de outras nações interessadas. Em um vídeo informal, Bukele comentou sobre sua apreciação por Buenos Aires, onde sua esposa estudou parte do mestrado.
Repercussão na Argentina
Paralelamente, a política de segurança de Milei está em evidência na Argentina. A capital Buenos Aires tem visto crescente pressão para liberar os manifestantes presos durante um protesto massivo em 12 de junho, quando o Senado aprovou um pacote liberal proposto pela Casa Rosada. Mais de 30 pessoas foram detidas, e até esta quinta-feira (19), cinco ainda permaneciam sob custódia, com outras 14 com ordens de recaptura emitidas.
O promotor Carlos Stornelli acusou os manifestantes de diversos delitos, incluindo danos ao patrimônio público e incitação à violência contra instituições argentinas. A Casa Rosada afirma que houve tentativa de golpe de Estado. Segundo o governo, a operação policial para conter a manifestação custou cerca de R$ 784 mil, e a Justiça foi solicitada a exigir indenizações dos movimentos sociais organizadores dos atos.
Enfrentando o Narcotráfico
Manuel Adorni, porta-voz presidencial, mencionou a viagem de Bullrich a El Salvador em sua entrevista coletiva diária, afirmando que a Argentina segue o exemplo salvadorenho de erradicação do narcoterrorismo. A violência relacionada ao narcotráfico tem sido um problema crescente, especialmente em Rosário, uma cidade portuária conhecida por ser a terra natal de jogadores como Lionel Messi e Ángel Di María. Dominada pelo grupo Los Monos, a cidade tem sido chamada de “narcocidade”.
Bullrich foi a El Salvador com o objetivo de entender o “regime de tolerância zero” de Bukele. Após seis meses de governo, Javier Milei deixa claro seus planos para a segurança pública argentina, afirmando uma postura firme contra o crime organizado.
“Juntos contra os criminosos que assassinam massivamente e danam nossos países e sociedades”, disse Bullrich em uma de suas declarações.