Um estudo recente conduzido pelo MapBiomas Fogo revelou que aproximadamente um quarto do território brasileiro foi afetado por incêndios nos últimos 40 anos. Entre 1985 e 2023, cerca de 199,1 milhões de hectares foram queimados pelo menos uma vez no país.
Os dados indicam que mais de dois terços das áreas afetadas pelo fogo estavam em locais de vegetação nativa, enquanto aproximadamente um terço ocorreu em áreas utilizadas pelo homem, como pastagens e agricultura. Notavelmente, 60% de toda área queimada estava em propriedades privadas, com Mato Grosso, Pará e Maranhão concentrando quase metade desses registros.
O estudo destacou que os biomas mais impactados foram o Cerrado e a Amazônia, responsáveis por cerca de 86% da área queimada pelo menos uma vez. O Cerrado, adaptado ao fogo natural, viu 88,5 milhões de hectares afetados, enquanto na Amazônia, a queima de 82,7 milhões de hectares representa um desafio maior devido à sua vegetação sensível ao fogo e ao desmatamento.
No Pantanal, embora representando apenas 4,5% do território nacional, foram registrados 9 milhões de hectares queimados, a maioria concentrada entre setembro e dezembro. A Caatinga, por sua vez, experienciou queimadas decorrentes de manejo agrícola e secas prolongadas, afetando cerca de 11 milhões de hectares ao longo do período analisado.
Mata Atlântica e Pampa
A Mata Atlântica e o Pampa também não escaparam das cicatrizes do fogo, com áreas queimadas correspondendo a 4% e 2,7% de seus territórios, respectivamente. A sensibilidade desses biomas ao fogo aumenta devido à fragmentação florestal, urbanização e fenômenos climáticos como o La Niña.
Os meses de julho a outubro, caracterizados pela estação seca, concentraram 79% das ocorrências de queimadas no Brasil, com setembro sozinho responsável por um terço do total.
O estudo não apenas quantificou a extensão das áreas afetadas, mas também analisou como o fogo interage com diferentes tipos de solo e ecossistemas, ressaltando a complexidade e a urgência de ações para mitigar os impactos ambientais e sociais desses eventos recorrentes.
Este levantamento, realizado por meio de monitoramento via satélite e inteligência artificial, reforça a necessidade de políticas eficazes de gestão ambiental e de combate às mudanças climáticas para proteger a biodiversidade e os recursos naturais do Brasil.