Nesta segunda-feira, 10, marca exatamente seis meses desde que Javier Milei assumiu a Presidência da Nação. Durante este período, o líder libertário reconhece que está enfrentando momentos decisivos, nos quais as urgências daqueles que o elegeram, daqueles que ainda o apoiam, e dos poderes que depositaram nele um voto de confiança para a mudança começam a se manifestar.
O Presidente enfrenta dificuldades para obter aprovação do Congresso e agora se encaminha para um teste crucial no Senado: a Lei Bases e o pacote fiscal, fundamentais para seu plano econômico, enfrentam resistência e podem ser rejeitados caso não consiga pactuar com partidos como o radicalismo e grupos provinciais.
Embora pareça muito mais tempo, são seis meses nos quais ocorreu uma reconfiguração de muitas lógicas políticas que antes eram relativizadas ou subordinadas a outras prioridades. Da luta contra a inflação à prevenção de bloqueios de estradas, da redução do tamanho do Estado ao estímulo ao emprego privado, do desrespeito aos policiais e militares à sua reivindicação.
Atualmente, Milei parece ter poucos motivo para comemorar. Chegou ao dia 10 de junho com um ajuste draconiano que reduziu os rendimentos das classes média e média-baixa, aumentou o desemprego, afetou a produção em geral, o investimento, e deixou o consumo em níveis historicamente baixos. Em resumo: uma macroeconomia buscando um novo ponto de equilíbrio — com a inflação em queda — e uma microeconomia, no melhor dos casos, atingindo o fundo do poço.
Na política, o Presidente passou sua primeira metade do ano sem aprovação do Congresso, e está se encaminhando para sancionar a primeira lei que mina a base de seu plano econômico, ao comprometer o déficit zero. A partir de hoje, o presidente enfrentará uma escolha de ferro: negociar de alguma forma com o radicalismo e os partidos políticos provinciais ou arriscar-se a que o Senado, com o piso das 33 bancadas kirchneristas, vote contra ele e o submeta a uma derrota mais perigosa do que todas as anteriores.
Consciente, talvez, de seus limites para alcançar acordos, delegou ao chefe de Gabinete, Guillermo Francos, a negociação final da Lei Bases e do pacote fiscal, onde a União pela Pátria flerta com a UCR para enterrar definitivamente o projeto inicial da gestão de La Libertad Avanza.
“Tema Bases: Francos”, respondeu Milei no fim de semana a um interlocutor interessado em sondar sua opinião.
Nessa definição e na preparação que ocorreu na Câmara dos Deputados, há material para escrever um thriller político com várias temporadas, que nem mesmo é possível encontrar na Netflix.
Mas além de tudo isso, o presidente tem duas tarefas-chave pela frente esta semana. Reforçar simbolicamente a ministra mais importante de seu Gabinete, sua amiga Sandra Pettovello. E testar em Borgo Egnazia, na Itália, a importância que os mandatários das sete maiores economias do mundo dão à Argentina.
Convidado por sua aliada, a primeira-ministra anfitriã Giorgia Meloni, o líder libertário dividirá o palco com Joe Biden (Estados Unidos), Olaf Scholz (Alemanha), Emmanuel Macron (França), Rishi Sunak (Reino Unido), Fumio Kishida (Japão), Justin Trudeau (Canadá) e autoridades da União Europeia, como Ursula von der Leyen e Charles Michel, entre outros. Além destes, há dois “conhecidos” de Milei: o papa Francisco e o brasileiro Lula Da Silva.