A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação que atingiu um grupo suspeito de fabricar ilegalmente o medicamento Mounjaro. A ação ocorreu em quatro estados e revelou um esquema que movimentava grandes valores e mantinha uma aparência de legalidade nas redes sociais. Os agentes encontraram carros de luxo, relógios caros e até um avião registrado em nome de um laranja, segundo a PF.
A operação recebeu o nome de Slim e foi iniciada após uma denúncia da fabricante que detém a patente da tirzepatida. Essa substância é o princípio ativo do Mounjaro, hoje um dos medicamentos mais procurados para emagrecimento no país. A investigação durou quase um ano e analisou documentos, anúncios e movimentações financeiras.
As buscas ocorreram em São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Além disso, mandados foram cumpridos em clínicas, consultórios e endereços ligados aos suspeitos.
Ação atinge médico com grande presença nas redes sociais e apura manipulação clandestina da tirzepatida
Um dos principais alvos é o médico Gabriel Almeida. Ele atende em uma mansão nos Jardins, em São Paulo, e soma mais de 750 mil seguidores nas redes sociais. Segundo a PF, o grupo manipulava a tirzepatida sem autorização sanitária. Ademais, o medicamento seria vendido como se estivesse dentro das regras da Anvisa.
A Polícia Federal afirma que o médico divulgava o tratamento para emagrecimento de forma ampla nas redes sociais. Contudo, a substância não poderia ser produzida ou comercializada sem licença. Por isso, a PF apura se houve ocultação de informações e indução do público a acreditar que o procedimento era regular.
A defesa do médico nega todas as acusações. Em nota, os advogados dizem que ele não fabrica, manipula ou rotula medicamentos. Segundo eles, sua relação com a tirzepatida seria apenas acadêmica. Eles afirmam que o médico discute estudos internacionais e que não promove produtos ilegais. Os advogados também mencionam que a investigação trata de propriedade intelectual, e não de risco sanitário.
Ainda conforme a defesa, o médico entregou voluntariamente seus telefones e computadores à PF. Eles dizem que ele tem endereço fixo, rotina pública e sempre se colocou à disposição das autoridades. A nota ainda critica o que chama de “julgamento midiático antecipado”.
A PF continuará analisando os materiais apreendidos. Isso inclui documentos, registros eletrônicos e movimentações financeiras. Além disso, peritos avaliarão como o medicamento era manipulado e distribuído. A investigação segue em andamento e novas medidas podem ser adotadas.
O caso envolve discussões sobre saúde, propriedade intelectual e fiscalização sanitária. Por isso, o impacto da operação deve continuar repercutindo nos próximos dias, especialmente entre clínicas e profissionais que atuam no mercado de emagrecimento.
