O Brasil deu um passo importante no controle da dengue. A Anvisa concluiu a avaliação técnica da Butantan-DV, a primeira vacina de dose única contra a doença no mundo. O imunizante cumpriu todos os critérios de segurança, eficácia e qualidade. Por isso, o registro já está em fase final de formalização.
O Termo de Compromisso será assinado nesta quarta-feira, em São Paulo. Esse documento confirma o cumprimento das exigências e permite a liberação oficial nos próximos dias. Assim, o Ministério da Saúde iniciou os preparativos para incluir a vacina no Programa Nacional de Imunizações. Ainda não há data definida para o início da campanha, mas a produção adiantada pelo Butantan deve acelerar o processo.
Produção nacional avançada e eficácia alta aumentam expectativa para a campanha
O Butantan começou a fabricar a vacina antes mesmo da aprovação formal. Hoje, o instituto já tem mais de 1 milhão de doses prontas. Esse estoque inicial deve ser entregue ao PNI assim que o Ministério da Saúde autorizar a distribuição. Além disso, uma parceria com a chinesa WuXi ampliará a capacidade de produção. A estimativa é de 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026.
Os dados clínicos mostram alta eficácia. A proteção geral chegou a 74,7%. A eficácia contra casos graves alcançou 91,6%. Nos ensaios, a prevenção de hospitalizações atingiu 100%. Esses resultados se mantiveram estáveis por mais de cinco anos. A vacina mostrou segurança tanto em pessoas que já tiveram dengue quanto em quem nunca foi infectado.
Segundo o infectologista Renato Kfouri, os efeitos colaterais foram leves na maioria dos voluntários. Entre as reações mais comuns estão dor no local da aplicação, dor de cabeça e cansaço. Eventos graves foram raros e todos evoluíram para recuperação. O especialista destaca ainda que a dose única facilita campanhas, amplia a adesão e reduz custos logísticos.
A vacina também está sendo analisada para outras faixas etárias. A Anvisa autorizou estudos com pessoas de 60 a 79 anos. Pesquisas iniciais indicam boa segurança em crianças de 2 a 11 anos. Contudo, mais dados ainda precisam ser avaliados antes da liberação.
O Ministério da Saúde definirá o público-alvo inicial e o cronograma de distribuição. A expectativa é que a Butantan-DV ajude a reduzir internações e casos graves já nos primeiros anos de uso. A produção nacional também deve garantir abastecimento contínuo e menor dependência de fabricantes estrangeiros.
