A decisão do Tribunal Superior de Londres contra a BHP reacendeu o debate sobre o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana. Embora a corte britânica tenha apontado que o colapso era “previsível”, a mineradora afirmou que recorrerá da sentença e reforçou que o processo de reparação segue em andamento no Brasil.
A empresa divulgou uma nota horas depois da decisão. Segundo a BHP, o recurso será apresentado nos próximos dias. A companhia afirmou que mantém seu compromisso com o Novo Acordo do Rio Doce e com as medidas já implementadas desde a tragédia. Também disse que considera o processo brasileiro o caminho mais efetivo para reparar danos sociais e ambientais.
BHP cita valores pagos, acordos reconhecidos e etapas futuras do caso
A mineradora destacou que cerca de R$ 70 bilhões já foram destinados à reparação. Os valores incluem pagamentos a moradores da Bacia do Rio Doce e a entidades públicas. Além disso, a empresa informou que mais de 610 mil pessoas receberam indenizações desde 2015. Entre elas, estão aproximadamente 240 mil autores da ação no Reino Unido que, segundo a BHP, assinaram quitações integrais no Brasil.
De acordo com a companhia, a própria Justiça inglesa reconheceu a validade desses acordos. Para a BHP, essa confirmação deve reduzir de forma significativa o tamanho e o valor da ação que ainda corre no Reino Unido. A mineradora argumenta que esse ponto mostra a importância das medidas adotadas dentro do sistema brasileiro de reparação, que, em sua avaliação, é o mais adequado para alcançar todos os atingidos.
A agenda jurídica, porém, continua extensa. No primeiro semestre de 2027 está prevista uma nova audiência internacional. A fase deve analisar a dimensão total dos danos causados pelo rompimento da barragem. Depois disso, haverá uma terceira etapa, que tratará das indenizações individualizadas. Essa fase, no entanto, só deve ocorrer em 2028.
A tragédia completou dez anos no dia 5 de outubro. O rompimento despejou rejeitos em rios, atingiu comunidades e deixou 19 mortos. Embora o caso siga em discussão jurídica no Brasil e no exterior, a postura atual da BHP tenta destacar avanços já registrados nos programas de reparação e a continuidade das ações que considera essenciais para reconstruir as áreas afetadas.
