Durante a sessão temática da COP30 sobre transição energética, realizada nesta sexta-feira (7) em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os líderes mundiais precisam decidir se o século 21 será lembrado como o período das catástrofes climáticas ou como o momento da reconstrução inteligente.
Segundo o presidente, os governantes devem buscar consensos e agir com responsabilidade diante da crise ambiental. “Nesta COP, os negociadores devem buscar entendimento e nós, os líderes, devemos decidir se o século 21 será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente”, declarou Lula.
Críticas a guerras e gastos militares
Em seu discurso, Lula também criticou os conflitos em andamento, citando a guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente afirmou que os altos gastos com armamentos reduzem os investimentos em medidas de proteção ambiental e agravam a crise climática.
“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para reduzir emissões de gases de efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático”, disse.
Transição energética e fim dos combustíveis fósseis
O presidente defendeu a criação de um “mapa do caminho” global para eliminar a dependência de combustíveis fósseis. Segundo ele, o atual modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo dessas fontes de energia é insustentável.
“A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos”, afirmou.
Lula anunciou ainda que o Brasil criará um fundo nacional com recursos provenientes da exploração de petróleo para financiar a transição energética e promover justiça climática. “Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, declarou.
O papel dos minerais críticos
O presidente também destacou que a transição energética depende da exploração sustentável de minerais críticos, como os usados na produção de baterias, painéis solares e sistemas de energia limpa.
“É impossível discutir a transição energética sem falar dos minerais críticos. Para gerar emprego e renda e garantir segurança energética, os países em desenvolvimento precisam participar de todas as etapas dessa cadeia global de valor”, afirmou Lula.
Justiça climática e cooperação internacional
Para Lula, os incentivos financeiros e tecnológicos ainda caminham em direção contrária à sustentabilidade. Ele defendeu que os países do sul global tenham acesso a recursos e tecnologias que permitam uma transição justa.
“Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda o acesso a tecnologias e financiamento para os países do Sul Global”, afirmou.
Encerrando o discurso, o presidente ressaltou que as decisões sobre o setor energético definirão o sucesso ou o fracasso da humanidade na luta contra as mudanças climáticas. “As escolhas que fizermos agora determinarão se construiremos um futuro de esperança ou um século de destruição”, concluiu.
