Durante coletiva nesta quarta-feira (29), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que “as verdadeiras vítimas [da megaoperação] foram os policiais”. A declaração foi dada um dia após a Operação Contenção, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense. Segundo a Defensoria Pública, a ação resultou em ao menos 130 mortos — 128 civis e quatro policiais.
Castro se solidarizou com as famílias dos agentes e prometeu apoio do estado. “Me solidarizo com os quatro guerreiros que tombaram e determinei que suas famílias sejam amparadas”, declarou. O governador defendeu a atuação das forças de segurança e classificou a operação como um “ato de coragem”.
A manhã desta quarta-feira foi marcada por cenas de tensão na Praça da Penha. Imagens registradas por moradores mostraram dezenas de corpos cobertos por lonas. De acordo com o ativista Raull Santiago, cerca de 50 corpos foram levados por moradores da região de mata do Complexo da Penha durante a madrugada.
A operação e seus objetivos
A megaoperação, batizada de Operação Contenção, foi conduzida por cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar. A ação foi resultado de mais de um ano de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). O foco era conter a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e cumprir 100 mandados de prisão contra líderes e integrantes da facção.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, cerca de 30 alvos seriam criminosos oriundos de outros estados, principalmente do Pará, que se escondiam nas comunidades do Alemão e da Penha. As forças policiais apreenderam mais de 90 fuzis e prenderam 81 pessoas, entre elas Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, apontado como operador financeiro do CV e braço direito do chefe da facção, Edgar Alves de Andrade, o “Doca” ou “Urso”.
Operação mais letal da história do estado
A ação se tornou a mais letal já registrada no Rio de Janeiro. O governo contabilizou oficialmente 64 mortos — 60 suspeitos e quatro policiais. Ainda assim, números apresentados por outras instituições, como a Defensoria Pública, apontam para um saldo muito maior.
Durante o confronto, drones da polícia registraram criminosos fortemente armados fugindo pela mata da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. De acordo com a Secretaria de Segurança, o arsenal apreendido supera o total de fuzis recolhidos em quase todos os meses do ano, ficando próximo do recorde histórico.
Apesar do resultado apresentado pelas autoridades, entidades civis e organizações de direitos humanos cobraram transparência e criticaram o alto número de mortes. A Defensoria Pública informou que está acompanhando o caso e solicitou a apuração das circunstâncias das mortes registradas.
Por conseguinte, o episódio reacende o debate sobre o uso da força nas operações policiais no Rio e o impacto dessas ações nas comunidades mais vulneráveis.
 
					