O Ibama autorizou a Petrobras, nesta segunda-feira (20), a perfurar um poço exploratório em águas profundas na Foz do Amazonas. A área, localizada a 500 quilômetros da foz do rio e 175 quilômetros da costa, é considerada uma das novas fronteiras do petróleo brasileiro.
A licença foi concedida após ajustes técnicos e ambientais feitos pela estatal. Segundo o órgão, a Petrobras aprimorou seus protocolos de segurança e apresentou um plano de resposta a emergências mais robusto. A perfuração começará nos próximos dias e deve durar cinco meses.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, celebrou a decisão. Ele afirmou que a Margem Equatorial representa “o futuro da soberania energética do Brasil”. Além disso, garantiu que a operação seguirá “os mais altos padrões ambientais e técnicos”.
Licença e medidas ambientais
De acordo com o Ibama, o pedido inicial foi negado em 2023. Desde então, a Petrobras promoveu alterações no projeto, principalmente nas ações de contingência. Entre as novas medidas, está a criação de um Centro de Reabilitação e Despetrolização em Oiapoque (AP), além do reforço de embarcações para o atendimento à fauna em caso de vazamento.
Essas exigências, segundo o órgão, foram essenciais para garantir a viabilidade ambiental da perfuração. O Ibama destacou ainda que o projeto foi aprovado após “uma análise rigorosa e técnica, compatível com a sensibilidade da região amazônica”.
Em nota, a Petrobras afirmou que a autorização é “uma conquista da sociedade brasileira”. A estatal declarou que o licenciamento comprovou “a solidez da estrutura de proteção ambiental” e que operará com segurança e responsabilidade. Além disso, defendeu que a exploração é necessária para equilibrar segurança energética e transição sustentável.
Potencial econômico e críticas ambientais
A Foz do Amazonas pode se tornar um novo “pré-sal”. O Ministério de Minas e Energia estima que a área possa conter até 10 bilhões de barris de petróleo. Caso confirmado, o país aumentaria suas reservas em cerca de 60% e reduziria a dependência de importações até 2030.
Por outro lado, a decisão provocou críticas de ambientalistas. Para o Observatório do Clima, a medida é “uma sabotagem ao clima e à COP30”, que ocorrerá em novembro, no Pará. A entidade afirma que o país deveria liderar a transição energética, e não ampliar a exploração fóssil.
A ministra Marina Silva reconheceu que o tema divide o governo. Ela defendeu “um caminho do meio”, conciliando crescimento econômico e compromissos climáticos. Segundo Marina, os países ricos precisam ser os primeiros a reduzir o uso de combustíveis fósseis, enquanto o Brasil mantém uma matriz energética mais limpa.
Apesar de o poço ainda estar em fase exploratória, a decisão marca um ponto decisivo para o futuro energético e ambiental do país. O desafio será conciliar desenvolvimento e preservação em uma das regiões mais sensíveis do planeta.