Grupo armado mata dois homens em situação de rua e fere outro em ataque na Zona Norte do Rio

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Dois homens em situação de rua foram assassinados a tiros e um terceiro ficou gravemente ferido durante um ataque na madrugada desta sexta-feira (17), próximo à estação de metrô de Irajá, na Zona Norte do Rio. Segundo a Polícia Civil, três criminosos armados com um fuzil e duas pistolas participaram da ação.

O crime ocorreu por volta das 4h, na Avenida Pastor Martin Luther King Júnior. As vítimas dormiam embaixo de uma marquise quando foram surpreendidas pelos atiradores, que chegaram em um carro, desceram e dispararam várias vezes à queima-roupa.

De acordo com os peritos, o número de tiros foi tão alto que dezenas de cápsulas ficaram espalhadas pelo chão. O grupo fugiu logo após os disparos, e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.

Durante a perícia, agentes encontraram marcas de tiros em uma casa próxima. Um dos projéteis atravessou uma janela e atingiu uma televisão, mas ninguém ficou ferido.

As vítimas

Uma das vítimas foi identificada como Etevaldo Bispo dos Santos, de 52 anos, conhecido como Bahia. O outro homem, apelidado de Milharina, ainda não teve o nome confirmado. Um terceiro morador de rua, de 38 anos, foi socorrido e está internado em estado grave.

“Eram dois senhores conhecidos por todos aqui. Um andava com bengala, o outro vendia verdura. Eram tranquilos, não mexiam com ninguém”, contou Érico Cerqueira, morador da região.

A técnica de enfermagem Camila de Jesus, que passava diariamente pelo local, lamentou o crime. “Eles davam bom dia, eram educados. É revoltante ver tamanha crueldade”, disse.

Bahia, o percussionista

Antes de viver nas ruas, Bahia trabalhava como percussionista em Salvador. No Rio, onde se fixou há anos, encontrou abrigo sob o viaduto da estação de Irajá. Mesmo com sequelas de AVC, continuava participando de atividades culturais na comunidade.

Ele integrava o projeto Batikum Afro, que realiza oficinas de música afro-brasileira em bairros da Zona Norte. “Ele chegava nos ensaios e começava a cantar, mesmo com as dificuldades. Era querido por todos”, contou o diretor do projeto, Luccas Xaxará.

O grupo agora tenta localizar a família do músico para garantir um sepultamento digno. “Ele pode não ter deixado documentos, mas deixou história”, afirmou Luccas.