Eletrobras vende participação na Eletronuclear por R$ 535 milhões à J&F dos irmãos Batista

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A Eletrobras anunciou a venda de sua fatia minoritária na Eletronuclear para a J&F, grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista. O valor do contrato é de R$ 535 milhões. A operação encerra a presença da Eletrobras no setor nuclear, área que a empresa já tentava deixar desde a privatização.

A Âmbar Energia, braço elétrico da J&F, passa a deter 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear. Apesar disso, o controle permanecerá com a União, por meio da ENBPar. A J&F também assume garantias e obrigações financeiras da estatal, incluindo as debêntures de R$ 2,4 bilhões firmadas com o governo.

Angra 3 e o desafio da reestruturação nuclear

A Eletronuclear é responsável pelas usinas Angra 1 e Angra 2, que juntas produzem quase 2 mil megawatts. Também conduz o projeto de Angra 3, que deve gerar 1.405 MW. A construção, paralisada por anos, enfrenta atrasos e altos custos. O Ministério de Minas e Energia alertou para o risco de insolvência da estatal, que tem dificuldade em honrar dívidas com bancos públicos.

A entrada da J&F pode ajudar a recuperar a empresa e viabilizar a conclusão de Angra 3. Segundo o governo, a operação é estratégica para garantir estabilidade energética e reduzir o uso de termelétricas mais caras.

Negócio reforça expansão da J&F no setor elétrico

O acordo foi assessorado pelo BTG Pactual e ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores. O processo de venda começou em 2023 e integra o plano de reestruturação da Eletrobras. A estatal informou que a operação melhora o perfil de risco e libera capital para investir em fontes renováveis.

O presidente da Âmbar Energia, Marcelo Zanatta, afirmou que a aquisição amplia o portfólio da companhia. Hoje, a empresa atua com energia solar, hidrelétrica e termelétrica. “A energia nuclear garante estabilidade e baixas emissões, essenciais em um mundo que busca descarbonização”, disse Zanatta.

A Eletrobras registrou uma provisão contábil de R$ 7 bilhões no terceiro trimestre. Segundo a empresa, o foco agora será a modernização da rede elétrica e o avanço em energia limpa.