O governo federal anunciou nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito para a compra da casa própria. A proposta é voltada à classe média e amplia o valor máximo dos imóveis financiáveis dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
O teto sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. A Caixa Econômica Federal também volta a financiar até 80% do valor do imóvel — antes o limite era de 70%. Os juros permanecem limitados a 12% ao ano, abaixo da taxa básica da economia, que hoje é de 15%.
Segundo o governo, a medida atende famílias com renda superior a R$ 12 mil, faixa que estava fora dos programas de habitação popular e também distante das linhas privadas de crédito. Dessa forma, o objetivo é ampliar o acesso ao financiamento e movimentar a construção civil.
Como o novo modelo vai funcionar
Os financiamentos seguirão as regras do SFH. Isso garante juros menores e a possibilidade de usar o FGTS. O saldo do fundo poderá servir como entrada, amortizar parcelas ou abater o saldo devedor.
Antes da mudança, apenas imóveis de até R$ 1,5 milhão podiam ser financiados com uso do FGTS. Acima desse valor, a compra era feita pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que não permite o uso do fundo. Com o novo teto, mais famílias terão acesso a taxas menores e poderão usar seus recursos acumulados.
De acordo com a Caixa, a estimativa é financiar 80 mil novos imóveis. O governo projeta que o crédito habitacional alcance R$ 111 bilhões no primeiro ano. Desse total, R$ 37 bilhões devem ser liberados de forma imediata.
Etapas e transição
A implementação será gradual. O novo modelo começa a operar ainda em 2025 e deve estar em plena vigência em janeiro de 2027.
Hoje, 65% dos recursos da poupança são destinados ao crédito habitacional. Outros 20% ficam retidos pelo Banco Central e 15% permanecem livres para uso dos bancos. Com o novo modelo, os depósitos compulsórios cairão de 20% para 15%, liberando mais recursos para o financiamento.
Após a transição, a obrigação de manter 65% dos depósitos da poupança no setor será extinta. Assim, 100% dos valores poderão ser usados no crédito imobiliário. O governo espera que essa mudança aumente a concorrência entre os bancos e reduza os juros para o consumidor.
Segundo o Ministério da Fazenda, o novo formato marca o início de um ciclo de crédito mais acessível. A expectativa é que a classe média volte a ter condições reais de financiar a casa própria.