O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), comentou de forma irônica os casos de intoxicação por metanol no estado. Durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6), ele afirmou que só se preocuparia “no dia em que começarem a falsificar Coca-Cola”.
A fala aconteceu após uma reunião com representantes do setor de bebidas no Palácio dos Bandeirantes. Segundo o governador, a indústria tem colaborado com as investigações e demonstrado disposição para ajudar o governo a conter a crise.
Governo e indústria unem esforços contra falsificações
“Ouvimos uma vontade enorme de colaborar. Estavam presentes os maiores fabricantes do Brasil, que produzem bebidas frequentemente falsificadas, como Jack Daniel’s e Johnnie Walker. Eles também sofrem com isso, porque há uma crise de confiança. As pessoas estão com medo”, disse Tarcísio.
O governador destacou que o objetivo é restabelecer a credibilidade do setor com ações conjuntas entre o estado e a iniciativa privada. São Paulo concentra mais de 80% das notificações de intoxicação por metanol no país. Segundo o Ministério da Saúde, há 15 casos confirmados e 164 em análise.
Durante a coletiva, Tarcísio reforçou que o metanol é um produto industrial usado em solventes e outros químicos. Ele é altamente perigoso quando ingerido, pois ataca o fígado, o cérebro e o nervo óptico. O resultado pode ser cegueira, coma ou até morte.
As investigações apontam duas hipóteses principais. A primeira é o uso do metanol na higienização de garrafas reaproveitadas. A segunda é a tentativa de aumentar o volume das bebidas falsificadas com etanol contaminado. Em ambos os casos, o líquido se torna letal.
A perícia da Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas apreendidas em duas distribuidoras paulistas. Tarcísio informou ainda que pedirá à Justiça a destruição de garrafas, rótulos, lacres e selos apreendidos.
Na última semana, mais de sete mil garrafas suspeitas foram recolhidas em ações de fiscalização. O governador e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, descartaram o envolvimento de facções criminosas. Segundo eles, o crime tem baixo retorno financeiro se comparado ao tráfico de drogas.
A Polícia Civil segue com as investigações, com apoio da Vigilância Sanitária e do Instituto de Criminalística. As equipes continuam recolhendo amostras em bares, adegas e distribuidoras de várias cidades do estado.