O número de casos de intoxicação por metanol no Brasil continua crescendo, e o estado de São Paulo concentra 85% das notificações. O álcool, usado na indústria química, é altamente tóxico e pode causar cegueira, coma e até morte quando ingerido.
Situação em São Paulo
De acordo com o Ministério da Saúde, o país registra 225 notificações, entre casos confirmados, suspeitos e mortes. Em São Paulo, são 192 casos, sendo 14 confirmados, com duas mortes, e outros 178 ainda sob investigação.
Os registros estão distribuídos em 26 cidades, incluindo São Paulo, Guarulhos, Santos, Osasco e Ribeirão Preto. Barrinha e Itu foram retiradas da lista após exames descartarem a presença da substância.
Quais bebidas foram adulteradas
As investigações indicam que os casos estão ligados principalmente a vodcas e gins falsificados. Por outro lado, bebidas como cerveja, chope e vinho apresentam menor risco, pois o processo de envase dificulta adulterações. Mesmo assim, autoridades alertam que nenhuma bebida é totalmente segura.
Para reduzir os riscos, recomenda-se comprar apenas em locais de confiança, desconfiar de preços baixos e verificar lacres e selos fiscais.
Como identificar a contaminação
O metanol é invisível ao paladar e ao olfato. Ele não altera cor, cheiro nem sabor. Por isso, só pode ser identificado em laboratório. A Abrasel orienta que bares e consumidores inutilizem garrafas após o uso, para impedir falsificadores de reaproveitá-las.
Em caso de sintomas, é essencial procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida.
Sintomas de intoxicação
Nas primeiras horas, os sinais lembram uma ressaca comum: náusea, tontura e dor de cabeça. Depois, surgem visão turva, falta de ar e confusão mental. Em até 48 horas, há risco de cegueira e falência de órgãos.
Cada hora de atraso no tratamento reduz as chances de sobrevivência.
Há antídoto disponível?
Sim. O fomepizol é o principal antídoto e bloqueia a transformação do metanol em substâncias tóxicas. O governo federal importou 2,5 mil doses, que devem chegar aos hospitais até o fim da semana.
Também é usado o etanol farmacêutico, que atua como alternativa emergencial. Ele retarda os efeitos do metanol e aumenta as chances de recuperação.
Linha de investigação
A Polícia Civil apura a ação de fábricas clandestinas que usariam o metanol para limpar garrafas falsificadas antes do envase. A substância teria sido contrabandeada. Mais de mil garrafas foram apreendidas em operações conjuntas com a Vigilância Sanitária.
Os lotes são analisados pelo Instituto de Criminalística para verificar a autenticidade das embalagens e a composição do líquido.
Como descartar garrafas com segurança
A Abrasel recomenda destruir garrafas de destilados após o uso, já que falsificadores compram embalagens originais para reutilizá-las. Veja como proceder:
- Nunca descarte tampa e garrafa juntos.
- Rasgue ou retire o rótulo.
- Entregue em pontos de reciclagem.
- Evite jogar no lixo comum.
Segundo a entidade, há um mercado paralelo de compra de garrafas vazias, o que reforça a necessidade de fiscalização e punições mais severas.