Três postos de combustíveis licenciados com a marca oficial do Corinthians estão em nome de investigados pela Operação Carbono Oculto. A ação, deflagrada em agosto, é considerada a maior ofensiva já realizada contra o PCC (Primeiro Comando da Capital). O clube afirma que apenas licenciou o uso da marca e que acompanha as investigações.
Empresas e endereços ligados à operação
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), os postos ficam na Zona Leste de São Paulo. Eles pertencem a Pedro Furtado Gouveia Neto, Himad Abdallah Mourad e Luiz Ernesto Franco Monegatto. Todos são investigados por lavagem de dinheiro e fraudes tributárias atribuídas ao grupo de Mohamad Hussein Mourad.
As unidades funcionam sob o nome Posto Corinthians. Elas estão registradas com as seguintes razões sociais:
- Auto Posto Mega Líder Ltda — Avenida Líder, 2000 (Cidade Líder)
- Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda — Avenida São Miguel, 6337 (Vila Norma)
- Auto Posto Rivelino Ltda — Avenida Padre Estanislau de Campos, 151 (Conjunto Habitacional Padre Manoel da Nóbrega)
Todos os postos são bandeira branca, ou seja, não têm vínculo com distribuidoras específicas. Além disso, os contratos de sublicenciamento da marca valem até novembro de 2025.
O que diz o Corinthians
Em nota, o clube informou que não administra diretamente os postos. A operação das unidades é feita por uma empresa licenciada, responsável por intermediar os contratos de uso da marca.
O Corinthians disse ainda que acompanha as investigações e poderá adotar medidas jurídicas, se necessário.
O ex-presidente Duilio Monteiro Alves afirmou que os acordos foram firmados de forma legal e avaliados por órgãos internos. Segundo ele, os contratos possuem cláusulas que garantem ressarcimento ao clube em caso de dano à imagem.
Irregularidades e desdobramentos
A ANP confirmou que há divergências entre os registros da Receita Federal e da própria agência. A mudança de razão social sem atualização cadastral é considerada irregularidade. A ANP informou que notificará as empresas e poderá abrir processo administrativo, o que pode resultar na perda da autorização de funcionamento.
As investigações apontam que Himad Mourad estruturava empresas de fachada para o PCC. Ele controlava mais de cem postos ligados ao grupo familiar. Já Pedro Furtado Gouveia Neto aparece como representante da GGX Global, empresa usada como braço administrativo da rede de Mourad.
Corinthians e suspeitas de infiltração
O Ministério Público de São Paulo também investiga possíveis vínculos entre a facção e antigas gestões do clube. A apuração analisa contratos de aluguel de imóveis e compras de combustível em postos ligados a suspeitos de conexão com o PCC.
Um dos estabelecimentos citados, o Auto Posto Gold Star, fica próximo ao Parque São Jorge. Ele está entre os 251 empreendimentos sob investigação da Justiça paulista.
Por fim, o Corinthians não é citado formalmente na operação e nega qualquer envolvimento com o grupo criminoso.