O Ministério de Minas e Energia pediu ao governo federal um aporte emergencial para evitar a insolvência da Eletronuclear, estatal responsável pelas usinas nucleares do Brasil. A crise decorre da falta de recursos para manter Angra 3, em construção há décadas no Rio de Janeiro.
Cortes no orçamento e risco imediato
Em carta enviada na segunda-feira (29), o ministro Alexandre Silveira alertou que todos os investimentos previstos para Angra 3 foram cortados do Orçamento de 2026. Assim, sem ajuda da União, a estatal não conseguirá manter equipamentos, pagar dívidas ou contribuir para fundos do setor elétrico.
Documentos internos obtidos pela Reuters mostram que a Eletronuclear precisa de 1,4 bilhão de reais para evitar colapso já em novembro. Além disso, a empresa tem 570 milhões em dívidas de curto prazo que vencem em dezembro com bancos como ABC e BTG. Caso não consiga recursos, pode haver efeito dominó com inadimplência também junto ao BNDES, Caixa e Santander.
Emissão de títulos travada
A crise financeira travou a emissão de 2,4 bilhões de reais em títulos. O objetivo era prolongar a vida útil de Angra 1 por mais 20 anos. Pelo plano, a Eletrobras compraria os papéis e poderia convertê-los em ações no futuro, sem elevar sua participação. No entanto, para isso, seria necessário aporte federal que garantisse o controle público da estatal.
Futuro incerto da energia nuclear
Em agosto, a ENBPar, holding que controla a Eletronuclear, pediu ao Ministério da Fazenda a convocação de assembleia de acionistas. O objetivo era avançar com a operação, mas o processo segue travado. Dessa forma, sem medidas extraordinárias de liquidez, a estatal pode chegar à insolvência ainda em 2025, colocando em risco o futuro da energia nuclear brasileira.