O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, avançou 0,48% em setembro, segundo o IBGE. O índice veio após a deflação de 0,14% em agosto e foi puxado pelo aumento da energia elétrica residencial, que subiu 12,17% com o fim do Bônus de Itaipu.
Nos últimos 12 meses, a prévia da inflação acumula 5,32%, acima do teto da meta do Banco Central (4,5%). No ano, a alta chegou a 3,76%. Apesar disso, o resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, que previa 0,51% a 0,52%.
O que mais pesou na inflação
- Habitação (+3,31%) foi o maior destaque, com forte impacto da conta de luz.
- Vestuário (+0,97%) também pressionou, puxado por roupas femininas e calçados.
- Saúde e cuidados pessoais (+0,36%) subiu com planos de saúde.
- Despesas pessoais (+0,20%) e Educação (+0,03%) tiveram altas leves.
- Alimentação e bebidas (-0,35%) caíram pelo quarto mês seguido, com quedas expressivas em tomate (-17,49%), cebola (-8,65%) e arroz (-2,91%).
- Transportes (-0,25%) recuaram, com quedas em seguro de veículos e passagens aéreas.
Energia elétrica: de vilã da deflação a motor da alta
Em agosto, a energia elétrica havia recuado quase 5%, ajudando a puxar a deflação. Agora, além do fim do bônus, o início da bandeira vermelha patamar 2 elevou as contas, com acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Perspectivas e juros
Especialistas consideram o resultado positivo, pois os núcleos da inflação mostram desaceleração. Ainda assim, a taxa de 12 meses segue alta.
- Lucas Barbosa (AZ Quest): vê cortes de juros a partir de janeiro de 2026, iniciando em 0,5 ponto percentual, levando a Selic de 15% para 14,5%.
- Claudia Moreno (C6 Bank): aposta no início do ciclo de cortes em março, com a Selic encerrando 2026 em 13%.
Enquanto isso, o Banco Central mantém tom conservador, reforçando que a queda da inflação precisa se consolidar para que os cortes sejam efetivados.