Em 20 anos, PCC deixa de ser facção e passa a atuar como máfia com 40 mil integrantes

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC), reacendeu o alerta sobre a força da organização criminosa. Há 20 anos, o grupo reunia cerca de 5 mil integrantes apenas em São Paulo. Hoje já conta com 40 mil membros no Brasil e no exterior. Promotores afirmam que a ausência do Estado em momentos estratégicos ajudou a facção a se transformar em máfia.

A evolução do grupo

Criado em 1993, dentro de uma prisão em Taubaté (SP), o PCC nasceu como resposta ao que chamava de “opressão carcerária”. Em 2006, a facção mostrou poder ao comandar ataques contra forças de segurança em São Paulo. Naquele ano, os registros oficiais apontavam pouco mais de 5 mil membros.

De lá para cá, o grupo ampliou o tráfico de drogas, comandou rebeliões e entrou em esquemas de lavagem de dinheiro. Hoje, segundo o promotor Lincoln Gakiya, o PCC participa de licitações, infiltra-se em órgãos públicos e movimenta cifras bilionárias. Esse avanço garante ao grupo status de máfia.

O Estado e o crescimento da facção

Promotores do Gaeco afirmam que falhas do poder público explicam a expansão. Segundo eles, o descaso com o sistema prisional nos anos 1990 foi o primeiro passo. A negativa de setores de segurança em reconhecer a existência da facção também atrasou medidas de contenção.

Somente após os ataques de 2006 o enfrentamento passou a ser mais firme. Ainda assim, só em 2019 a questão se tornou prioridade federal, quando líderes do PCC foram levados para presídios de segurança máxima.

Expansão internacional

Atualmente, o PCC é visto como uma das maiores organizações criminosas da América Latina. Em 2010, arrecadava R$ 12 milhões por ano. Hoje, já fatura mais de US$ 1 bilhão com o tráfico internacional, especialmente na exportação de cocaína para a Europa.

Relatórios indicam presença em 28 países, com mais de 2 mil integrantes fora do Brasil. O Paraguai concentra o maior número, mas há registros também em prisões na Espanha, França, Holanda e Irlanda.

Respostas oficiais

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma ter intensificado operações contra o crime organizado desde 2023. Segundo a pasta, foram investidos mais de R$ 1,1 bilhão em tecnologia e inteligência policial. A SSP-SP também cita prisões de líderes e identificação de bilhões em movimentações ilícitas.

A Secretaria da Administração Penitenciária diz que combate o PCC em conjunto com outras forças e com apoio federal. Já a Polícia Federal e o Depen não se manifestaram até a última atualização.