O mercado de trabalho brasileiro voltou a surpreender. A taxa de desemprego caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho, o menor patamar da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, segundo o IBGE. Um ano antes, a taxa estava em 6,9%. No trimestre anterior, em 6,6%.
O número de desocupados chegou a 6,11 milhões de pessoas, o mais baixo desde 2013. A queda representa 1 milhão a menos em relação ao trimestre anterior e 1,2 milhão a menos na comparação anual.
Recorde de trabalhadores com carteira assinada
A população ocupada bateu novo recorde, com 102,4 milhões de pessoas. Desse total, 39,1 milhões estão com carteira assinada, o maior volume já registrado. Esse movimento foi puxado por contratações em setores como administração pública, saúde, educação, comunicação e agropecuária.
Segundo o analista do IBGE William Kratochwill, os dados mostram um mercado de trabalho mais ativo. “Há crescimento da ocupação, redução da subutilização e queda do desalento. O trabalhador está se inserindo de fato no mercado, e não abandonando a busca por emprego”, afirmou.
Apesar da melhora, a informalidade ainda atinge 38,8 milhões de pessoas, embora a taxa tenha recuado para 37,8%, levemente abaixo do ano anterior. O trabalho por conta própria também atingiu o maior nível da série, com 25,9 milhões.
Renda em alta e impacto na economia
O rendimento médio do trabalhador foi de R$ 3.484 no trimestre, avanço de 1,3% frente ao trimestre anterior e de 3,8% em relação a 2024. A massa de rendimentos alcançou R$ 352,3 bilhões, recorde histórico, resultado que ajuda a sustentar o consumo das famílias.
O Banco Central acompanha de perto os indicadores. A instituição deve manter a Selic em 15%, diante da resiliência do emprego e da inflação em desaceleração.
Para o economista Maykon Douglas, a forte massa salarial vem garantindo dinamismo à demanda. Já Leonardo Costa, do ASA, avalia que o mercado de trabalho pode estar se aproximando de um ponto de estabilidade, embora siga como destaque positivo da economia.