Barrinhas de cereal, sanduíches industrializados e iogurtes de fruta são vendidos como opções saudáveis. No entanto, fazem parte da categoria dos ultraprocessados e podem dificultar o processo de emagrecimento.
Pesquisadores da University College London compararam duas dietas: uma baseada em alimentos naturais e outra com ultraprocessados considerados “saudáveis”. O estudo, publicado na revista Nature Medicine, mostrou que quem consumiu apenas alimentos minimamente processados perdeu quase o dobro de peso em oito semanas.
Segundo o autor Samuel Dicken, esses produtos tornam a dieta mais densa em energia. Isso acontece mesmo quando a quantidade de calorias consumida é igual. Eles exigem menos mastigação, são ingeridos mais rápido e estimulam maior consumo.
A nutricionista Camille Coutinho, da USP, explica: “Ultraprocessados concentram muita energia em pouco volume. Isso reduz a saciedade e aumenta o risco de exagero.”
“Saudáveis” ainda compartilham riscos
Produtos vendidos como versões mais equilibradas podem ter menos açúcar, gordura e até mais fibras. Ainda assim, carregam problemas típicos: matriz alimentar alterada, presença de aditivos e baixo valor nutricional comparado a alimentos naturais.
“Um biscoito integral pode ser melhor que um recheado, mas está longe de oferecer o mesmo valor de uma fruta com aveia”, diz Coutinho. O maior risco, segundo ela, é que esses itens são vistos como inofensivos e acabam sendo consumidos em excesso.
Mais que calorias
O estudo também mostrou que emagrecer não depende apenas de calorias. Padrões alimentares e controle do desejo de comer têm papel central.
Quem seguiu a dieta natural relatou maior saciedade, queda nos triglicérides e menos vontade de comer por prazer. Em oito semanas, o grupo perdeu 2% do peso, enquanto o grupo dos ultraprocessados perdeu apenas 1%.
“O grau de processamento faz diferença. Quando a dieta é baseada em alimentos in natura, o corpo recebe fibras, água e volume, o que aumenta a saciedade e reduz o consumo de calorias sem esforço”, conclui Coutinho.