Como funcionam os programas que monitoram funcionários, como o usado pelo Itaú

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O uso de softwares de monitoramento em empresas voltou ao centro do debate após a demissão em massa no Itaú Unibanco. Segundo o sindicato da categoria, cerca de mil funcionários foram desligados nesta segunda-feira, 8, por inconsistências entre o ponto registrado e a atividade nos sistemas do banco durante o home office.

Esses programas acompanham a rotina digital dos empregados. Eles coletam dados como tempo de uso do computador, número de cliques, abertura de abas e utilização de aplicativos. A promessa é de ganhos de produtividade que podem chegar a 30%, de acordo com empresas do setor.

O Itaú utiliza o xOne, criado pela brasileira Arctica. A ferramenta compara as informações de jornada com a atividade real nos sistemas internos. A partir daí, identifica divergências e emite relatórios. Em alguns casos, os dados resultam em advertência. Em outros, em demissão.

Segundo a empresa responsável, o software não classifica sites como produtivos ou improdutivos. Ele apenas apresenta os acessos.

A análise sobre o que é relevante ou não cabe à companhia contratante, dentro das próprias políticas.

Outros nomes desse mercado são Teramind, Time Doctor e Hubstaff. O primeiro utiliza inteligência artificial para detectar padrões de comportamento. Já o Time Doctor grava a tela do usuário e consegue identificar tentativas de burlar o monitoramento. Todas afirmam que seus sistemas ajudam a cortar custos e até a reduzir casos de burnout, ao mapear excesso de horas e sobrecarga de atividades.

A prática é legal, desde que respeite a Lei Geral de Proteção de Dados. A LGPD determina que funcionários sejam informados sobre quais dados serão coletados, de que forma e para qual finalidade. Transparência, portanto, é essencial para que não haja abuso.

O banco, em nota, afirmou que as demissões foram resultado de “uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto”. Disse ainda que padrões incompatíveis com a confiança da instituição levaram à decisão. Parte dos demitidos, no entanto, contesta os critérios. Alguns alegam que não tiveram acesso às métricas usadas e lembram que haviam recebido promoções recentemente.

A discussão expõe os limites entre gestão, privacidade e controle no ambiente corporativo. O caso do Itaú mostra que, embora legal, o uso dessas tecnologias seguirá gerando controvérsia.