Suplementação sem necessidade: corretora passa por 4 cirurgias após excesso de vitamina D e B12

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O caso da corretora de imóveis Ana Paula, no interior de São Paulo, acendeu um alerta para os riscos da suplementação desnecessária. Após receber indicação de implantes hormonais e injeções de vitaminas D e B12, ela desenvolveu complicações graves. O tratamento parecia inofensivo, mas já na terceira aplicação surgiram infecções e sinais de intoxicação.

Sem apresentar deficiência nos exames prévios, a paciente poderia ter feito apenas reposição oral, se fosse necessário. O excesso levou a uma reação imunológica e desencadeou encapsulamento, dores intensas e limitações no dia a dia. Em um ano, Ana Paula enfrentou quatro cirurgias para conter inflamações nas nádegas e chegou a correr risco de sepse, uma infecção generalizada.

Quando o excesso de vitaminas vira ameaça

Especialistas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia explicam que a corretora teve uma reação ao corpo estranho injetado. O caso expõe a banalização da suplementação sem diagnóstico adequado. Embora vitaminas sejam essenciais, o consumo em excesso pode causar sérios danos ao organismo.

A vitamina D, por exemplo, aumenta a absorção de cálcio. Esse excesso pode formar pedras nos rins, além de se depositar em órgãos vitais como coração e cérebro. Há registros de intoxicações graves, nefrocalcinose e até falência múltipla dos órgãos. A vitamina B12, quando aplicada de forma desnecessária, também pode desencadear reações adversas e inflamatórias.

O médico Drauzio Varella alerta que o mercado de suplementos no Brasil movimenta bilhões por ano, alimentado pelo consumo sem real indicação clínica. Para ele, a regra é clara: vitaminas devem ser administradas por via oral, salvo em casos de dificuldade de absorção. Aplicações injetáveis ou endovenosas sem justificativa precisam ser vistas com desconfiança.

Ana Paula segue em tratamento e convive com sequelas físicas e emocionais. Seu relato mostra como a automedicação ou prescrições sem respaldo científico podem transformar um recurso de saúde em risco de vida.