A nova tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já traz reflexos concretos na indústria bélica. A Taurus, maior fabricante nacional de armas, optou por conceder férias coletivas em sua unidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A medida afeta funcionários ligados à linha de montagem de armas de longo alcance, voltadas principalmente ao mercado norte-americano.
Taurus e o impacto das tarifas dos EUA
Segundo a empresa, cerca de 40 empregados foram afastados temporariamente desde o início de agosto. Embora seja um número reduzido diante do total de 2.700 trabalhadores, o episódio acendeu o alerta dentro da fábrica. Isso porque aproximadamente 80% da produção de São Leopoldo tem como destino os Estados Unidos, o que torna a operação altamente vulnerável ao tarifaço.
Além disso, sindicatos locais foram chamados para discutir alternativas. A preocupação central é garantir que a redução de atividades não evolua para cortes mais profundos. Assim sendo, a empresa avalia saídas para minimizar as perdas, ao mesmo tempo em que acompanha de perto as negociações comerciais entre Brasil e EUA.
Outras empresas de armas no RS sentem o tarifaço
O impacto das tarifas norte-americanas não se limita à Taurus. A Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), ligada ao mesmo grupo, também enfrenta dificuldades. Localizada em Montenegro, no Vale do Caí, a unidade exportou R$ 250 milhões em 2024 para os Estados Unidos. Contudo, diante do novo cenário, já avalia conceder férias coletivas a seus 473 funcionários.
Embora a decisão ainda não esteja confirmada, o risco é real. A dependência das exportações para os EUA torna a CBC igualmente exposta às medidas protecionistas, o que gera incertezas sobre sua capacidade de manter a produção em ritmo normal.
Indústria bélica brasileira em alerta com tarifas dos EUA
O tarifaço chega em um momento delicado para a indústria bélica nacional. O setor vinha apostando na recuperação da demanda externa, especialmente no mercado americano, considerado estratégico. Entretanto, a barreira de 50% reduz a competitividade do produto brasileiro e abre espaço para concorrentes de outros países.
Assim, empresas, sindicatos e trabalhadores acompanham com apreensão os próximos passos. Há receio de novas paralisações, férias coletivas e até demissões caso o impasse comercial se prolongue. Especialistas destacam que a situação reforça a necessidade de diversificação dos mercados de exportação, de forma a reduzir a dependência de um único destino.