BP Energy anuncia descoberta de petróleo no pré-sal da bacia de santos

A empresa petroleira britânica BP Energy anunciou sua maior descoberta em 25 anos, nesta segunda-feira, 4: um reservatório de petróleo, no pré-sal da bacia de Santos, no litoral do Rio de Janeiro. Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil, o poço fica no bloco Bumerangue, e está a uma profundidade de 5.855 metros.

O poço 1-BP-13-SPS está localizado a 404 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, e a distância equivale, por exemplo, ao trajeto entre as cidades do Rio e São Paulo. Segundo a BP Energy, a perfuração atravessou um reservatório com mais de 300 km², com presença de hidrocarbonetos de alta qualidade.

O vice-presidente de Produção e Operações da empresa, Gordon Birrell, classificou a descoberta como “significativa”.

Ele destacou o entusiasmo da BP com o resultado e afirmou que a intenção é consolidar um centro estratégico de operações no país.

Embora o resultado inicial seja promissor, a empresa informou que as primeiras análises indicaram níveis elevados de dióxido de carbono (CO₂). O gás, que contribui para o efeito estufa, está presente em grandes proporções nos reservatórios do pré-sal. Por isso, novas avaliações serão conduzidas para entender melhor o potencial da área.

Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras, comentou a descoberta nas redes sociais. Ele destacou que o teor de CO₂ é decisivo para a viabilidade econômica do campo. Como exemplo, citou o campo de Libra, com 40% de CO₂, onde a produção foi viabilizada. Já o campo de Júpiter, com 80%, continua parado.

Segundo Prates, altos níveis de CO₂ exigem soluções caras. É necessário separar o gás, reinjetá-lo ou encontrar uso comercial, o que depende de tecnologia avançada e de mercado.

“Vamos torcer para que o Bumerangue esteja mais perto de Libra do que de Júpiter”, escreveu. Para ele, é cedo para comemorar.

Apesar do alerta, Prates ressaltou que a descoberta reforça a relevância global do pré-sal. No entanto, ele apontou que o Brasil precisa garantir estabilidade regulatória, visão estratégica e política pública para transformar o potencial em produção real.

Os reservatórios do pré-sal se encontram entre 5 mil e 7 mil metros de profundidade.

Hoje, essa faixa é responsável por quase 80% da produção nacional de petróleo, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A BP detém 100% do bloco Bumerangue, arrematado em leilão realizado em dezembro de 2022. Pelo contrato assinado com o governo federal, a empresa terá que entregar à União 5,9% do óleo excedente, após o abatimento dos custos de produção.

Além do Bumerangue, a BP tem participação em mais oito blocos marítimos no Brasil, sendo operadora de quatro deles. O próximo projeto de perfuração está previsto para 2026, no bloco Tupinambá, também no pré-sal da Bacia de Santos. O ativo foi adquirido com um lance de R$ 7 milhões.

Presente no Brasil desde 1957, a BP atua em diversas áreas do setor energético. Explora petróleo e gás, fornece combustível para aviação e transporte marítimo, opera com biocombustíveis e também investe em energia solar. A marca Castrol, de lubrificantes, também faz parte do portfólio da companhia.

A empresa participa ainda da GNA II, maior usina termelétrica a gás natural da América Latina. A estrutura, localizada no Porto do Açu (RJ), foi inaugurada nesta semana com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A marca BP, que originalmente significava British Petroleum, passou a adotar o conceito Beyond Petroleum nos anos 2000. A mudança buscou refletir a diversificação dos negócios da empresa para além do petróleo.

Apesar do novo momento, a BP ainda carrega marcas do passado. Em 2010, protagonizou um dos maiores desastres ambientais da história, com o vazamento de petróleo no Golfo do México. O acidente durou quase três meses. Como consequência, a companhia teve que arcar com bilhões de dólares em indenizações.