O sucesso de um doce simples, criativo e visualmente irresistível mudou os rumos da confeitaria de Vitória Penso, de 27 anos, em Boa Vista (RR). Inspirado na clássica maçã do amor, o “morango do amor” viralizou nas redes sociais e se tornou a nova sensação das festas populares pelo país. Em apenas dois dias de evento no São João do Parque Anauá, ela vendeu mais de 2 mil unidades da sobremesa e faturou cerca de R$ 34 mil.
A receita, que mistura um morango fresco coberto por uma casquinha crocante de açúcar vermelho e recheio de brigadeiro de leite ninho, conquistou o público pela combinação de textura, sabor e apelo visual. O doce é vendido por R$ 17 e, segundo a confeiteira, a produção não para desde o lançamento, em junho deste ano.
A ideia surgiu ainda em 2024, durante o planejamento estratégico do negócio. Para aprimorar a técnica, Vitória viajou até Minas Gerais, onde fez um curso voltado à nova tendência. Ao retornar, gravou um vídeo nas redes sociais prometendo lançar o doce no Arraial de Boa Vista caso o público demonstrasse interesse. A repercussão foi imediata e, desde então, o morango do amor passou a ser o carro-chefe de sua doceria.
Doce que virou fenômeno e movimenta a economia local
Antes produzido por ela sozinha, o sucesso obrigou Vitória a contratar uma equipe. Hoje, cinco pessoas trabalham exclusivamente na fabricação dos morangos. No entanto, o fornecimento da matéria-prima tem sido um desafio. Por estar no extremo Norte do país, ela precisa importar morangos de São Paulo, o que aumenta o risco de perdas durante o transporte. Segundo a confeiteira, o desperdício cresceu tanto que o preço precisou ser ajustado de R$ 15 para R$ 17.
Durante os festejos juninos, longas filas se formam nos estandes do Parque Anauá. Na última quinta-feira (24), por exemplo, mais de 200 unidades foram vendidas em apenas uma hora e meia. Moradores relatam que, muitas vezes, é preciso esperar pela reposição do estoque.
A autônoma Gabriella Monteiro, de 25 anos, contou que entrou duas vezes na fila para experimentar o doce.
“Vi tanta gente postando que fiquei curiosa. Acho que o morango pode ter uma textura mais agradável do que a maçã do amor, que nunca gostei muito”, disse.
Outros confeiteiros da cidade também aderiram à tendência. Astrid Andrade, que atua há mais de dez anos no ramo, começou a produzir o morango do amor há duas semanas e já lucrou cerca de R$ 10 mil com o produto. Ela também apostou em versões diferenciadas, como recheios de pistache, maracujá, brigadeiro tradicional e até uma versão de colher.
Para Astrid, o segredo do sucesso está na escassez: “É um doce trabalhoso, difícil de estocar. Isso cria desejo. Quanto mais a gente faz, mais as pessoas querem”.
O São João do Parque Anauá continua até domingo, 27, reunindo milhares de pessoas com comidas típicas, quadrilhas e shows de artistas como Lucas Lucco, Jonas Esticado e Companhia do Calypso. Mas, por enquanto, quem reina entre o público é mesmo o morango do amor, o doce que virou febre no Brasil e transformou pequenos negócios em grandes histórias de sucesso.